Sexta-feira, 22 Novembro, 2024
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DA CONSULTA À GRAMÁTICA: Um sujeito persistente!

Por admin-sn
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_____DELFINA MUGABE__

AS pessoas da minha geração ou, pelo menos, a maioria, aprenderam a língua de Camões nos bancos de uma escola. Pronunciaram as primeiras palavras, para pedir água, comida e outras coisas básicas, próprias de crianças dessa época, em línguas maternas de origem Bantu: ronga, bitonga, changana, ndau, sena, dentre várias outras faladas em Moçambique.
Já na escola, durante o processo de ensino e aprendizagem da língua portuguesa, aprendemos que o sujeito é o elemento da oração sobre o qual se faz uma declaração ou recai a acção descrita pelo verbo. Porém, alguns textos não mencionam o sujeito, e disso o jornalismo é rico.


A gramática da língua portuguesa menciona vários tipos de sujeitos, dentre os quais o “indeterminado”. Segundo Celso Cunha e Lindley Cintra (2002) na sua gramática do Português Contemporâneo, às vezes o verbo não se refere a uma pessoa determinada por se desconhecer quem executa a acção ou por não haver interesse no seu conhecimento. Nestes casos diz que se trata de um sujeito indeterminado.

Assim, o verbo é conjugado na 3ª pessoa do plural, tal como indica este exemplo: “Dizem que as aulas terminam na próxima semana”. De igual modo, pode ser conjugado na 3ª pessoa do singular: “precisa-se de jovens para trabalhar no projecto de petróleo e gás na Bacia do Rovuma”.

Analisando os dois exemplos, é possível perceber que estas duas opções possíveis de conjugação do verbo na terceira pessoa ocorrem em contextos não jornalísticos, pois as regras básicas desta profissão exigem que o “quem” seja mencionado. Uma informação com este teor: “Dizem que as aulas terminam próxima semana”; “Elege-se hoje o dirigente da associação desportiva de Inhambane”; “reabilita-se estradas em Marracuene”, etc., “não é admissível, por abrir espaço para ausência da sua fiabilidade.
Todavia, a gramática refere-se ainda à oração sem sujeito, com a ressalva de que não deve ser confundido com o “indeterminado” que existe, mas que o autor do texto não o conhece ou simplesmente não quer mencionar por alguma razão. No caso da oração sem sujeito, ele não existe e o verbo é impessoal: por exemplo, “Chove a cântaros em Maputo”. Nesta frase não existe sujeito, pois ninguém pratica a acção de “chover”
Há, também, o sujeito oculto, mas determinado. Quer dizer, não está materialmente expresso na oração, porém, pode ser identificado pela desinência (terminação) verbal: Exemplos:

  • “Não se preparou bem para o exame”. (pela terminação do verbo é possível perceber que o sujeito é “ele”;
  • Fizeram um relatório sem perfeição! (sujeito: eles)

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