Terça-feira, 5 Novembro, 2024
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Cá da Terra: A primeira impressão (2)

Por admin-sn
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A cidade de Nova Deli é uma das mais populosas do planeta, com nada mais, nada menos que 20 milhões de habitantes, o que desde logo levanta preocupações, cada vez actuais, sobre as actividades humanas e o seu impacto sobre o meio ambiente.

Ficamos bem impressionados por encontrar uma cidade bem arquitectada, com ruas largas, estações de metro, rotundas, muitas rotundas mesmo, viadutos para acomodar o cada vez mais crescente tráfego rodoviário e muitos espaços verdes, quer nas bermas das estradas, nos parques, jardins e também nos espaços que ainda não deram lugar a construções.

Basta referir que do aeroporto ao centro da cidade são qualquer coisa como 22 quilómetros, passados por entre antigas construções, novas centralidades que emprestam a este gigante asiático os ares da grandeza e crescimento, pois acomodam as grandes marcas, instituições financeiras, de seguro e também serviços diversos.

Mesmo assim, ainda persistem alguns espaços de precariedade, por entre o grande e cintilante, convive o pequeno e sem brilho, que se alimenta, veste e sobrevive dos pequenos quiosques e negócios diversos ao longo das estradas e pequenos mercados ao ar livre, onde se vende um pouco de tudo, desde alimentos pronto a comer (cozidos no local), peças de vestuário ou quinquilharia diversa.

Apesar de o ciclo  de ascensão não beneficiar, de igual maneira a todos, ao mesmo tempo, o esforço de alargamento de serviços, melhoria das infra-estruturas de acomodação e provisão de emprego estão em marcha, tendo em vista emprestar uma melhor qualidade de vida para todos. Tomamos nota do amor pelo trabalho, sendo que cada um, de acordo com as suas possibilidades e onde quer que esteja, faz de tudo para garantir renda, nos mais variados sectores. Não e por acaso que mesmo noite adentro, a cidade ainda fervilha, com o comércio e pequenos serviços a responderem a demanda.

Todo e qualquer negócio tem aqui uma grande margem de crescer, pois a demanda é muito grande, por parte de todos os segmentos da população.

Tudo isto é feito debaixo de um sol sempre triste por não poder mostrar o seu esplendor. Os níveis de poluição em Nova Deli continuam preocupantes, sobretudo nesta altura em que espreita o inverno. Os dias são cinzentos, em razão da poluição atmosférica que dá a sensação de proximidade de chuva que nunca caiu, pelo menos durante os dias que ali estivemos.

Todos os invernos, o ar frio e pesado de “Deli” é responsável pela formação de um nevoeiro que retém as poeiras da construção civil, as emissões dos veículos e o fumo das queimadas, apontados como o expoente da poluição do ar, sem contra, naturalmente com as grandes industrias.

Com efeito, em cada esquina da cidade há uma nova obra, muitas delas de edifícios residenciais e de escritórios, muitas novas centralidades e também novas infra-estruturas de estradas, do metro de superfície e serviços diversos.

Os canteiros de obras estendem-se por mais de quarenta quilómetros do centro da cidade de cimento, em praticamente todas as direcções e depois segue a zona rural, com as auto-estradas, a maioria das quais com portagem, a levarem-nos para os mais diferentes destinos.

A dimensão e impacto dos incêndios em explorações agrícolas só é visível quando se sai da cidade. Ao longo das auto-estradas, são aos milhares os parcelamentos agrícolas, muitos dos quais com menos de meio hectare, que são explorados até a exaustão por falta de terra (cada centímetro esta ocupado), com recurso a tracção, em grande parte com o uso de búfalos e noutros de bovinos. Alias, para além dos rendimentos daí decorrentes, há que alimentar a cidade.

O recurso às queimadas para se livrar da palha está a ser desencorajado com a criação de bancos de forragem para alimentar o gado bovino (animal sagrado para os hindus) que pulula pelas cidades às centenas.

Apesar deste esforço, até se atingir zero queimadas parece que ainda vai uma distancia. Ainda no âmbito da redução da poluição, bem evidente também nos cursos de água, as novas centralidades,  grandes superfícies e hotéis são encorajadas a dispor de sistemas de tratamento de águas do esgoto. Mesmo assim, a batalha ainda vai longa.

OSVALDO GEMO

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