Terça-feira, 5 Novembro, 2024
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Belas memórias: Com zanga do nigeriano companhia cede avião  

Por admin-sn
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ANABELA MASSINGUE – (anmassingue@gmail.com)

OS atrasos e cancelamentos de voos afinal são uma prática recorrente nas Linhas Aéreas de Angola, companhia que, nalgum momento, se distancia da sua responsabilidade de garantir o mínimo para quem sofre em consequência dos seus incumprimentos.

Recentemente, em Luanda, cidadãos de várias origens e destinos, com destaque para nigerianos, ficaram retidos no Aeroporto 4 de Fevereiro, por mais de um dia, por causa dos sucessivos adiamentos do seu voo.

Na mesma senda, estavam moçambicanos. Destes, fazia parte uma equipa de jornalistas, tendo como destino Lisboa, para a cobertura da retoma do voo das Linhas Aéreas de Moçambique, ligando Maputo e a capital portuguesa.

Em Luanda, os passageiros de Maputo permaneceram pouco mais de 10 horas, mas não foram tidos e nem achados pela companhia, mesmo quando se aproximaram  de um dos balcões para expor o seu problema e saber da responsabilidade desta entidade, dado que toda aquela situação desencadeara-se, em resultado de atraso e cancelamento do seu voo no dia anterior.

Já a meio da noite, era visível o desgaste de quase todos. Ao aproximar da hora, o optimismo era beliscado por incerteza, principalmente quando os passageiros não eram chamados para o embarque.

Cansados de tanto esperar e sem poder fazer nada e há mais tempo que os passageiros idos de Maputo, estavam outros, dos quais se evidenciaram os de nacionalidade nigeriana. Estes destacaram-se por terem recorrido a métodos incomuns para poderem sair daquele lugar, pois quando alguém entra para um aeroporto, a ideia é chegar ao seu destino e nunca lá ficar retido. Mas quis o azar que na noite de domingo, 10 de Dezembro, a companhia anunciasse mais um cancelamento do seu voo.

Só que o funcionário que passou tal informação não tinha a dimensão do que o esperava logo a seguir. Foi como mexer num enxame de abelhas sem nenhuma protecção. Na altura, muitos passageiros estavam ainda incrédulos, a digerir a informação e aos murmúrios. Um deles soltou um grito estridente que não deixou ninguém indiferente, incluindo os que estavam a ser dominados pelo sono.

A primeira impressão que causou nalguns dos presentes é que se tratava de um indivíduo embriagado, daqueles que neste estado se tornam incómodos aos demais, ou então um doente com perturbações mentais capaz de colocar todos em risco, debalde. Estava-se perante um indivíduo desesperado, desgastado e revoltado com tudo o que aquela companhia aérea o sujeitava: estar mais de um dia dentro do aeroporto, à espera de ligação.

A fazer coro, outros passageiros também de nacionalidade nigeriana que iriam embarcar no mesmo voo, adiado sucessivas vezes, gritavam também esgrimindo os argumentos, entre insultos e toda adjectivação possível, para descrever tamanha irresponsabilidade com ameaças a mistura, tudo dirigido ao mensageiro que, em apuros, ainda ensaiou uma fuga em frente.

Era uma corrida que fazia lembrar a brincadeira das crianças no jogo “Gato come o rato”. Provavelmente, o funcionário julgava ser possível escapulir-se daquele ambiente que se revelava cada vez mais tenso e arriscado para ele, mas se enganou. A perseguição foi tal que se foi até às últimas consequências.

Todos, o funcionário e os passageiros desesperados corriam contornando a sala de embarque. Nalgum momento desapareciam e reapareciam no sentido contrário. A gritaria era tal que tirava a tranquilidade dos demais.

Quando tudo indicava estar-se perante um beco sem saída, eis que a boa nova chegou: finalmente, estes teriam o seu voo. A celebração foi tanta que parecia de uma vitória, num jogo de futebol bastante renhido ou a festa de transição do ano.

Afinal ainda havia algum avião para a rota daqueles passageiros que sofriam para chegar ao seu destino! Só que para tal tiveram que recorrer à demonstração de força. Foi desta forma que deu para perceber que quando um nigeriano se zanga, até pode conseguir um avião para lhe levar ao seu destino.

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