Opinião & AnáliseSociedade Nacional Vida do “game” (1) Por Juma Capela Há 1 ano Criado por Juma Capela Há 1 ano 3,7K Visualizações Compartilhar 0FacebookTwitterPinterestEmail 3,7K Mateus Licusse É sexta-feira, por sinal ele saiu cedo do serviço. Aliás, antes de sair de casa pela manhã, arrumou o colman na bagageira do Ractis, Vitz, Mark x, cartão do banco em guia. Enquanto “jhoba”, os miúdos polidores capricham o Ractis ou Alteza, limpam bem as jantes, embrilhar as rodas para além de polir o carro. Por sorte ou azar, o salário cai nessa Sexta, ai salta de felicidade. Sai do “jhobe” directamente à ATM mais próxima a fim de sacar as primeiras “verdinhas” do dia, daí a caminho do bar para o início das festividades. Lá pede uma, não para beber, mas para matar a sede. A partir de três médias é que diz que está a começar a beber. Liga para os brothers, “broo” venha no sítio; o amigo vem, chega no bar com uma garrafa de whisky e vem acompanhado da “pita” e juntos comemoram o início da sexta-feira. As “pitas” tomam lite, brutal, hunters gold e até mesmo whisky e cerveja; quando a barraca é off em música e ambiente ensurdecedor, o local é abandonado. À saída levanta-se poeira com rally do Mark x; que se danem os peões com a poeira inalada. A malta chega às bombas com garrafa já na metade, são por ai vinte duas e tal, entra-se no interior da loja de conveniência onde as “pitas” carregam pacotes de “simba”, chocolates e variedades de bolachas, o “gajo” paga a conta, o cartão está pronto a raspar, nem o recibo lhe interessa; vão se “batendo” as garrafas, as “pitas” entulhando os estômagos com “Simba”, tudo acompanhado do “som alto de acordar os mortos”. É música ensurdecedora em plenas bombas de abastecimento, preferencialmente amapiano e nada de marrabenta; nem o gerente consegue manter a ordem, se não aconselhado a aceitar que mais receita seja injectada nos cofres da loja pelos curtidores. A garrafa de label também já está vazia, vem mais uma, tradicionalmente com gelo. Porque o whisky não é como sumo, começa a roer o estômago, daí parte-se para churrasqueira, os porcos coitados que vão sendo dizimados pelos humanos, põe-se de lado a teoria bíblica de portadores de demónios. Os “tipos” mandam quilos aqui e acolá, vão se deliciando da carne acompanhada de uma boa xima para vencer o teor alcoólico que já precisa do balão para dar-se por confirmado o excesso do álcool no organismo. Mais quilos e quilos, brutais e savanas vão fazendo cair o metical, esvaziar o bolso do “gajo”. Lá em casa, a esposa já vinha ligando desde quinze horas na tentativa de travar os habituais comportamentos do marido, mas, infelizmente, sem sucesso. O marido inventou reunião de emergência e claro, engarrafamentos, ora o pneu furou; são justificações e argumentos façanhamente típicos da malta, logo, de tanto cansada de esperar, a esposa acaba indo deitar-se. Já são por ai duas da madrugada, a noite está “morrendo” e o novo dia, a escassas horas para nascer, já consumiram três e meia de whisky, a bebida já está por aqui, na testa, como se diz em ronga, “a byala dri la”; é quando a mente já não regula como deve ser, o tipo começa a invadir prateleiras da loja sem necessidade, levando isto e aquilo para as “pitas” também, que são insaciáveis e esfomeadas, talvez assim diria. Vão se entupindo com mais chocolates, ele paga as contas, até a qualquer uma que aparece a sua frente, raspa o cartão. E porque ninguém é mais forte que a bebida, começam a dançar pornograficamente, já demonstram as suas obscenidades, para além de urinarem de qualquer maneira tomados pelo poder nefasto do álcool. Quatro horas o “coqueiro prestes a parir o sol”, uma das “pitas” desaparece sem deixar rasto à caminho de casa, mas ao longo da caminhada cruza-se com um grupo de “tentaceiros”, que a arrastam para o beco mais temido nas noites e praticam sexo colectivo, com todo bizarismo à mistura. São seis horas, a “pita” encontra-se estatelada no chão devido ao avançado estado de embriaguez. Leia mais… Você pode gostar também HOSPITAL AL-SHIFA DE GAZA: Cemitério de vidas, sonhos e do futuro dos palestinos SERNIC apreende estupefacientes REFLEXÕES DA MUVALINDA: Psicoterapia como autocuidado Noventa milhões de euros para projectos ambientais e sociais Vida do "game" Compartilhar 0 FacebookTwitterPinterestEmail Artigo anterior Novo ano, novas acções: um guia prático para profissionais determinados Próxima artigo Cegos ainda têm limitações no acesso ao emprego Artigos que também podes gostar Arranca pulverização contra malária em Maputo Há 16 horas UNFP quer 7,2 milhões de dólares para vítimas do ciclone Chido Há 16 horas Atendimento condicionado no Hospital Central de Maputo Há 2 dias REFLEXÕES DA MUVALINDA: Vamos trabalhar Há 5 dias Uma palavra aos meus representantes na AR Há 1 semana Mulher morre agredida pelo namorado Há 1 semana