Terça-feira, 5 Novembro, 2024
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CHICO ANTÓNIO (1958-2024): Um espólio musical para próximas gerações

Por Juma Capela
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CONSIDERADO referência na promoção da música tradicional moçambicana, o músico Chico António morreu, sábado, vítima de doença, no Hospital Central de Maputo (HCM).

O artista teve um percurso singular. Nasceu em 1958, no distrito de Magude, província de Maputo.

Na sua infância foi destinado a tomar conta do gado, prática que deixou aos seis anos quando fugiu para a cidade de Maputo, depois de perder metade da manada do seu pai, confiada a ele para cuidar.

No centro da cidade tornou-se menino de rua, foi preso pela então polícia colonial e permaneceu encarcerado por nove meses até ser integrado num orfanato onde teve a oportunidade de iniciar os seus estudos.

Foi no colégio religioso São José de Lhanguene que aos nove anos, em 1967, teve a sua iniciação na música como solista de um coro composto por 50 pessoas. Uma oportunidade que o permitiu aprender a tocar trompete, ler pauta e solfejo.

Após a independência, Chico seguiu como profissional de música, trabalhando em conjuntos como ABC-78; Grupo Instrumental N.º 1 de música ligeira; Grupo da Rádio Moçambique e Orquestra Star de Moçambique.

O Grupo RM foi importante na sua projecção nacional e internacional porque trabalhou com alguns dos melhores artistas do país, entre eles Alexandre Langa, Sox, Alípio Cruz (Otis), José Mucavel, José Guimarães e Mingas.

Como integrante do Grupo RM, criou o tema “Baila Maria”, interpretado em dueto com Mingas. Em 1990, a música conquistou o grande prémio do concurso Descobertas da Rádio França Internacional (RFI).

No mesmo ano e em consequência do prémio, Chico foi para capital francesa (Paris) estudar música por dois anos. O seu tutor foi o camaronês Manu Dibango. Em França, conviveu com personalidades como Salif Keita e Pierre Bianchi.

Quando regressou ao país, Chico passou a apostar na pesquisa de música tradicional e posterior fusão. Foi na senda disso que nasceu a Amoya Studio and Art Gallery (ASAGA) e surgiram oportunidades de colaboração musical em produção audiovisual e teatrais.

Além da bolsa atribuída ao compositor, o Grupo RM teve o direito de gravar um disco. Para o efeito, o conjunto foi rebaptizado com o nome “Amoya” e gravou o disco “Cineta”, que fora lançado em 1991, em Paris.

Chico preferia trabalhar detrás de artistas a ser famoso. Foi essa razão que fez com que só em 2014, Chico, lançasse o seu próprio disco. O CD “Memórias” foi resultado de uma pressão social.

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