Terça-feira, 5 Novembro, 2024
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Criar dificuldades para vender facilidades

Por admin-sn
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A frase do título ilustra muito bem o fenómeno que se vive na fronteira de Ressano Garcia, com a República da África do Sul, por sinal a maior que Moçambique partilha com os países vizinhos.

Neste momento, são às centenas os cidadãos que aguardam, pacientes, na longa fila que leva ao interior do edifício onde funcionam os serviços de migração, no lado sul-africano da fronteira.

De tempos em tempos, a fila mexe-se alguns centímetros, não tanto porque os funcionários estejam a atender com celeridade no interior do edifício, mas porque, cansados de tanto esperar e ver dinamitados os seus compromissos, muitos cidadãos vão desistindo da honestidade para aderir aos insistentes apelos de indivíduos que, sem qualquer receio nem vergonha, prometem “facilitar” o processo a troco de quantias que variam de 150 a 300 rands.

Difícil é incomportável para muito, certo é que a “bolada” vai alimentando os bolsos de quadrilhas que vão agindo impunemente.

Grosso modo, são cidadãos moçambicanos que se prestam ao serviço sujo de angariar pagantes para o esquema ardiloso montado por agentes da Polícia Sul-Africana, que vão circulando por perto, fingindo realizar um trabalho honesto, quando na verdade vão medindo o pulso da situação para instruir a desaceleração do atendimento no interior edifício, de modo a desgastar a paciência dos cidadãos enfileirados.

De facto, tudo acontece na maior normalidade, com os que aceitam corromper-se a adiantar se nos procedimentos, e os “às direitas” a cumprir a humilhante fila que faz pensar que, na verdade, algo vai de mal a pior na fronteira de Ressano.

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