Domingo, 22 Dezembro, 2024
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O pesadelo e a humilhação de ser cliente do BCI

Por Jornal Notícias
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Fidélio António

NÃO é a primeira vez que passo por dissabores no BCI, banco que escolhi para domiciliar as minhas contas. Sei também que não sou o primeiro, que mais gente esperneia e chora destratada, humilhada e relegada a nada por esta instituição financeira. Sei, ainda, que hoje não sou o último, porque está a ser frequente clientes do BCI espernearem sem que isso se traduza no respeito e consideração que merecem através de um atendimento digno.

Há dias escreveu-se mais um capítulo neste tratamento degradante dos clientes. Desta vez fui à agência que funciona na antiga Casa PFAF, na baixa de Maputo, pedir um documento. Um comprovativo de que tinha efectuado um pagamento por e-banking, recusado pelo destinatário, que me exigiu um comprovativo de balcão como prova de depósito (também não entendo este arcadismo).

Porque assim devia ser, desloquei-me ao balcão da Casa PFAF, desta vez sem fila longa por fora, e fui simpaticamente atendido pela rapariga que tem estado do lado de fora a distribuir senhas. Não estava cheio nem por dentro na bicha do atendimento. Informei à senhora do balcão o motivo de estar ali e prontamente deu-me um impresso e solicitou-me o BI. Feliz da vida, porque, vaticinava, pelo menos desta vez, me despacharia em tempo razoável. Debalde!

O que seria um serviço breve, de alguns minutos, transformou-se em pesadelo, aliás em humilhação. O meu pedido era só que o banco imprimisse um comprovativo de transferência e o carimbasse. Era cerca das 9.30 horas e eu ali, aliviado porque não havia tanta gente e em breve regressaria ao trabalho, que havia interrompido. Enganei-me redondamente. Aquele seria mais um capítulo no longo historial de dissabores que tenho com o BCI. Que tenho eu e que têm muitos do que lerão esta minha dor. Dor da humilhação, da desconsideração, de me provarem sempre que somos uns desprezíveis que recorrem ao banco para nos provarem mais esta e mais outras vezes que o banco nos tratará como quiser e que nada lhe acontecerá. Pois nada acontece, sim, por mais lamúrias que vêm a público, por mais esperneios nossos.

Fiquei à espera do bendito comprovativo até cerca das 11.00 horas, pouco antes das 11.00 horas, e não me davam. Atrevo-me a perguntar à senhora que me atendeu se ainda me demoraria muito ali e esta manda-me ao balcão do lado, que me pede para aguardar “um bocadinho”. Reencaminha-me à colega da caixa ao lado e idem. O “um bocadinho” devolve-me ao estado de humilhação de sempre que vou a um balcão do BCI, desta vez para aquela coisinha que eu ia lá pedir. Acabo, de paciência esgotada, resignado. Rendido ao desrespeito, à falta de consideração de um banco que investe milhões em publicidade, na sua imagem, como aqueles senhores e senhoras que investem nas roupas e perfumes glamourosos e quando abrem a boca o que sai é um desastre.

Volto a sentir-me o lixo em que se transformam as pessoas que recorrem ao banco para perderem a manhã e às vezes a tarde, às vezes dias, para pedir um documento que podia sair em fracções de minutos, senão segundos. E não horas, horas e horas. Desisto e anuncio-o, diz-me a senhora que o documento demorava porque precisava de uma assinatura e quem devia assinar, o chefe, não estava.

Meus senhores do BCI, por favor. Por favor! Não é digno o tratamento que nos dispensam. Os milhões que investem em campanhas de comunicação, em publicidades e em tudo mais para terem a imagem de meninos bonitos e de homens sérios contrasta com o tratamento que nos dão. Os milhões que anunciam em lucros anualmente são à custa destes clientes que destratam, que humilham, provando estarem mais importados com lucros fabulosos e com a imagem e nada com clientes. Como se não bastasse, a quase usura que são, por exemplo, os vossos créditos (aqui junto-vos ao resto da banca comercial nacional), que são certamente uma boa porção dos lucros que obtêm dos clientes que tratam de forma desprezível.

Muitas vezes há reclamações de clientes que vêm a público, mas são poucas as que merecem explicação de algum departamento nem que seja para contar uma historieta que sirva de bálsamo à ira de quem perde tempo no BCI. Porque estas reclamações devem ser ridículas para quem no final do exercício organiza galas para anunciar resultados milionários. Tenham vergonha, por favor!

Este é um grito de socorro e um pedido a quem supervisiona a actividade dos bancos. Socorro! Vejam, por favor, como os bancos comerciais tratam os clientes. Vejam, por favor, e mandem-lhes corrigir a arrogância e a má-fé, a deselegância e o desprezo.

Socorro!

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