Domingo, 22 Dezembro, 2024
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REFLEXÕES DA MUVALINDA: Síndrome da Felicidade Adiada

Por Jornal Notícias
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Cândida Muvale*

NA última quarta-feira, assinalámos o Dia do Trabalhador, celebrado a 1 de Maio, em homenagem aluta dos trabalhadores por melhores condições de trabalho e por seus direitos. A data tem origens históricas ligadas a movimentos grevistas e manifestações por condições de trabalho mais humanas e justas. Em 1886 ocorreu a famosa Revolta de Haymarket, em Chicago, onde trabalhadores reivindicavam a redução da jornada de trabalho para oito horas diárias.

Reza a história que durante a Revolta de Haymarket houve confrontos entre manifestantes e a polícia, resultando em mortes e feridos. Após uma explosão durante um protesto, a situação tornou-se caótica e vários indivíduos perderam suas vidas. Esse evento trágico foi um marco na luta pelos direitos dos trabalhadores e teve um impacto significativo no movimento operário e sindicalista. E desde então, o 1º de Maio tornou-se um símbolo das conquistas e da luta dos trabalhadores no mundo.

Nesta data, no nosso país um pouco por todas as províncias houve desfiles e comemorações mas,infelizmente, em pleno Dia do Trabalhador, na cidade de Nacala, província de Nampula, uma escavadora atropelou mortalmente duas pessoas e deixou outros feridos, isso durante o desfile dos trabalhadores. Aproveito endereçar os meus sentimentos à família enlutada e espero, sinceramente, que os responsáveis sejam devidamente punidos e que Deus console as famílias enlutadas.

Hoje pretendo falar de uma síndrome que não está em nenhuma edição dos manuais de diagnóstico estatístico de transtornos mentais (DSM) nem da classificação internacional de doenças (CID), mas afecta grande parte da população mundial causando danos significativos na sua qualidade de vida. Falo do que os teóricos contemporâneos denominaram Síndrome da Felicidade Adiada que em linhas gerais é a tendência que as pessoas têm de adiar a busca pela felicidade, muitas vezes condicionando-a a conquistas futuras ou a condições ideais que nunca parecem se concretizar.

Muitos hoje em dia não desfrutam do seu momento presente achando que só serão felizes quando as circunstâncias mudarem, por exemplo; que só serão felizes quando se casarem, quando tiverem filhos, comaquela promoção no emprego ou mudar de emprego, atingir um grau académico, viajar para determinado destino de sonhos, abrir um negócio, melhorar de uma determinada condição de saúde e por aí em diante. E se esquecem de ter gratidão pelo presente, pelo aqui e agora, pela situação que se encontram actualmente.

A verdade é que não somos auto-suficientes e nem temos controlo de muitas coisas nesta vida, e por sermos de natureza insatisfeitos mesmo quando atingimos determinados objectivos, ficamos felizes momentaneamente e depois damos lugar a outros novos objectivos e projectos, entrando num círculo vicioso interminável.

A Síndrome da Felicidade Adiada pode levar a uma condição de insatisfação constante e adiamento da busca pela realização pessoal e felicidade. Ela pode até propiciar o surgimento de algumas doenças de foro mental como ansiedade, depressão, estresse, síndrome de pânico, etc e afectar drasticamente a qualidade de vida das pessoas.

Pela conjuntura social actual, todos nós, uns mais que os outros, estamos vulneráveis a sofrer dessa síndrome, por isso, quero deixar ficar três dicas importantes para que o estimado leitor não caía neste empecilho:

1. Praticar a gratidão: Cultivar o hábito de reconhecer e apreciar as coisas boas que já existem em sua vida pode ajudar a trazer mais satisfação e contentamento no presente, em vez de condicionar a felicidade a objectivos futuros.

2. Viver o momento presente: Concentrar-se em desfrutar e encontrar significado nas experiências quotidianas pode ajudar a reduzir a tendência de adiar a felicidade para o futuro, permitindo que encontre alegria no aqui e agora.

3. Estabelecer metas realistas: Ao definir metas e objectivos para o futuro, é importante equilibrar a ambição com expectativas realistas para evitar colocar toda a felicidade em conquistas futuras. Apreciar o processo de busca pelos objectivos também é fundamental.

Como o livro da vida, a Bíblia Sagrada realça em Mateus 6:34: “Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta a cada dia o seu próprio mal.” Este versículo nos lembra da importância de viver no presente e confiar que as preocupações futuras serão enfrentadas no devido tempo, sem a necessidade de antecipar ansiosamente os desafios que ainda estão por vir.

Caro leitor, é importante buscar um equilíbrio entre as responsabilidades do presente e a busca activa pela felicidade, sem condicionar a própria satisfação a circunstâncias futuras incertas.

Psicóloga e Activista Social

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