Domingo, 24 Novembro, 2024
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CÁ DA TERRA: Ensina no caminho em que deve andar (1)

Por Osvaldo Gemo
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CADA país é um país e cada povo tem, por isso, a sua forma de ser e estar. Mas porque estamos numa aldeia global, somos sujeitos a aprendizagem de uns e outros.

Dizem que ninguém nasce a saber. O facto é que aprendemos sempre e, se não o fazemos, deve ser por negligência ou falta de interesse.

Cada situação por que passamos, as amizades que conquistamos, as mudanças que nos são impostas são oportunidades que devem ser aproveitadas. Até os erros proporcionam um momento para reflectirmos e buscarmos as melhores saídas para os nossos problemas e crescermos.

É nesse contexto que muitos conhecimentos da nossa infância nos acompanham durante toda a vida, sendo esta o melhor momento para inculcar valores, comportamentos e educação.

Em Provérbios (22: 6) há uma citação que diz “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele.”  

Actualmente, vivemos num mundo em velocidade frenética, ninguém tem tempo para ninguém, e para nada. A correria está presente em todas as actividades humanas, de modo que até algumas das importantes tarefas da família são delegadas e não surpreende que mesmo quem de direito não assume a responsabilidade sobre aquilo que é seu dever.

Fui recentemente a trabalho à Nairobi, no Quénia, país que se situa na linha do equador. O nome deste país teve como origem o Monte Quênia (a segunda montanha mais alta de África) que a par do Lago Vitória, o segundo maior lago de água doce do mundo, compartilhado com a Uganda e Tanzânia, constituem as principais atracções turísticas deste vasto país, famoso pelos seus safáris e diversas reservas de vida selvagem e parques nacionais.

Aterrámos no Quénia numa altura em que este se debatia com cheias devastadoras que produziram mortes e colapso de várias infra-estruturas como estradas, barragens, pontes e casas.

Mesmo assim, o dia-a-dia continuou com o frenesim habitual num país em que a multiculturalidade é uma marca, com o islamismo a predominar na forma de ser e estar do comum cidadão, sobretudo com o idioma bantu-suahíli presente na comunicação quotidiana.

Nairobi é, em parte, onde conflui gente ida de diferentes cantos do país e era de esperar que seria um lugar do salve-se quem puder, do caos que amiúde assistimos por aí.

Não sei porquê, mas sempre que aporto em algum lugar tenho tendência de fazer comparações entre aquilo lá e o que nós vivemos aqui. Pode ser um erro, mas aprendo mais um pouco.

Daí que ressaltou, desde logo, o compromisso que os Nairobinos têm para com a cidadania responsável, que se mede em pequenos gestos que, no fim de contas, acabam por ser uma lição para todos nós. 

Nas nossas relações em sociedade vale muito escutar, mais importante do que ouvir e, muitas vezes, mais importante do que falar.

Em Nairobi, não escutar ou escutar pouco, diria melhor, não cumprir, pode levar o indivíduo a um emaranhado de conflitos com o conjunto, com a Lei.

Os quenianos não só escutam como parte da sua educação desde pequenos, como também agem tendo como fim último o bem colectivo.

É neste contexto que parece fazer parte da sua forma de estar não beber ou fumar na via pública, o que na nossa realidade é algo praticamente impossível.

Por isso, não se vende álcool durante o dia, vai daí que os bares só abrem depois das 17 e fecham às seis. Isto é mesmo que dizer que durante o horário do trabalho há máxima concentração, o que evita muitos inconvenientes como a possibilidade de acidentes.

Por outro lado, os fumadores, querendo, devem se dirigir a quiosques públicos onde não é vedado fumar.

Quem fumar ou beber na via pública, é detido, porque é considerada uma afronta ao bem comum, à sociedade que os quenianos pretendem construir. Ainda bem que estes valores são transmitidos desde a infância para que ainda quando forem velhos, não se desviarão dele. 

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