Opinião & Análise CÁ DA TERRA: Gerir a ansiedade o esmero e a dedicação (Conclusão) Por Jornal Notícias Há 10 meses Criado por Jornal Notícias Há 10 meses 2,1K Visualizações Compartilhar 0FacebookTwitterPinterestEmail 2,1K FINALMENTE aterrámos nas Comores, depois de uma curta escala em Dar-Es-Salaam, exercício que o avião faz tanto na ida assim como no regresso a Addis Abeba, na Etiópia. À chegada desperta-nos a atenção o solo a queimado. Afinal trata-se de uma ilha de origem vulcânica, por isso não podia ser diferente. Este pedaço de terra em pleno Oceano Índico trouxe-me à memória o retrato do célebre romance de Júlio Verne, “a Ilha Misteriosa”, pois nunca antes estivera numa terra com um vulcão activo como é o Karthala, que dá nome ao ponto mais alto de Ngazidja, onde fica a capital Moroni, com mais de 2361 metros. A última erupção aconteceu em Maio de 2006, mas as marcas ainda estão bem presentes na paisagem circundante, como sejam as rochas no percurso em que a lava se move como um rio em direcção ao oceano, ou ainda a imensidão da crosta formada junto ao oceano quando a torrente repentinamente esfria e solidifica, escondendo mistérios por debaixo da superfície coberta pelas águas. Como é óbvio, este não é o esconderijo do submarino Nautilus e muito menos do Capitão Nemo, mas é a casa dos comorianos, resignados à sorte de conviver com o Karthala, que também é um dos motivos para o turismo que floresce no arquipélago. Confessoo que não é fácil viver num pedaço de terra sabendo que há no subsolo uma caldeira em brasa activa, mas o dia dos locais passa e outros 365 também como se nada acontecesse. Desde logo desperta-nos a atenção a arquitectura árabe, em quase todo o conjunto, destacando-se sobretudo nas mesquitas, edifícios públicos e monumentos, em contraste com as casas de madeira e zinco, desalinhadas e em grande número, onde vive o comum dos comorianos de baixa renda.A população local é marcadamente islâmica, lembrando algumas das nossas cidades costeiras. Aliás, se não fosse o caso de ouvires o Francês difícil seria distinguir quem estaria a falar Comoriano ou Árabe, tal é o resultado da encruzilhada de diferentes civilizações e a sucessão de povos que ali acostaram.Viria a saber que o Shikomoro (Comoriano) é um dialeto suahíli, mas com um maior vocabulário árabe.Aliás, esta miscigenação deve explicar, desde logo, a generosidade, respeito e protecção com que os forasteiros são recebidos, sendo que sempre estão dispostos a compartilhar o que têm com seus convidados, como o fazia a Madame Taleb, que disponibilizou o seu condomínio para abrigar os jornalistas moçambicanos.Mas nem tudo se passa na serenidade. Normalmente os homens nas Comores se mudam para a casa dos sogros depois de se casarem, o que significa que muitos destes ficam dependentes economicamente da família da esposa.Nessa situação, esta tem o poder de pressionar o genro para que esteja conformado com as regras, incluindo na prática do islamismo, instituído como religião do Estado em 2018, sendo ilegal compartilhar o evangelho, a distribuição de bíblias ou materiais religiosos cristãos para os muçulmanos.É assim al-Ittihad al-Qumuri (árabe), Udzima waKomori, em Comorense, e Union des Comores em Francês.PS: Por razões de gozo da licença disciplinar, esta coluna sai também do convívio por pelo menos cinco semanas, para dar espaço ao desligar a ficha e ao merecido repouso. Leia mais… Você pode gostar também BELAS MEMÓRIAS: Os líderes de desinformação Como implementar o modelo de negócio da Disney na experiência do cliente BELAS MEMÓRIAS: A dívida pela prótese Avós são livros de história borrados! CÁ DA TERRADESTAQUESOpinião & Análise Compartilhar 0 FacebookTwitterPinterestEmail Artigo anterior BELAS MEMÓRIAS: A lição de Zengzi Próxima artigo Avião do vice-presidente do Malawi desaparece dos radares Artigos que também podes gostar REFLEXÕES DA MUVALINDA: E quando o inesperado acontece Há 7 horas Tarifas impostas pelos EUA: cooperação de benefícios comuns é o caminho correcto Há 1 dia É preciso falar o que se sente diante do que se vê... Há 1 semana O fenómeno dos influenciadores digital e a ilusão da fama instantânea Há 2 semanas Indústria cultural à mercê da manipulação Há 2 semanas “Cultura não se vende, defende-se” Há 2 semanas