Sábado, 21 Dezembro, 2024
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FUNDADOR E 1.º PRESIDENTE DA FRELIMO: Se fosse vivo Mondlane completaria hoje 104 anos

Por Jornal Notícias
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EDUARDO Chivambo Mondlane, fundador e primeiro presidente da Frente de Libertação de Mocambique (FRELIMO), agremiação que liderou a luta armada de libertação nacional, se fosse vivo, completaria hoje 104 anos de idade.

Dados sobre a sua juventude e estudos consultados pelo “Notícias” indicam que Eduardo Mondlane é filho de um chefe tradicional. Estudou inicialmente numa missão presbiteriana suíça, próxima de Manjacaze, mas viria a terminar os estudos secundários numa escola da mesma igreja na África do Sul. Usufruindo de uma bolsa de estudos, prosseguiu a sua carreira estudantil, cursando Antropologia e Sociologia na Universidade de Lisboa. Aí conheceu outros estudantes que viriam a ser os líderes dos movimentos nacionalistas e anti-coloniais de vários países africanos, como Amílcar Cabral e Agostinho Neto. Terminaria os estudos nos Estados Unidos da América, frequentando o Oberlin College (Ohio) e a Northwestem University (Evaston, Illinois) e vindo a obter o doutoramento em Sociologia.

Eduardo Mondlane trabalhou nas Nações Unidas, no Departamento de Curadoria, como investigador dos acontecimentos que levavam à independência dos países africanos e foi também professor de História e Sociologia na Universidade de Syracuse, em Nova Iorque.  

Em 1961 visitou Moçambique, a convite da Missão Suíça, e teve contactos com vários nacionalistas, onde se convenceu de que as condições estavam criadas para o estabelecimento de um movimento de libertação. Por essa altura e de modo independente, formaram-se três organizações com o mesmo objectivo: a UDENAMO (União Democrática Nacional de Moçambique), a MANU (Mozambique African National Union, à maneira da KANU do Quénia e de tantas outras organizações) e a UNAMI (União Nacional Africana para Moçambique Independente). Estas organizações tinham sede em países diferentes e uma base social e étnica também diferentes, mas Mondlane tentou uni-las, o que conseguiu com o apoio do presidente da Tanzânia, Julius Nyerere – a FRELIMO foi de facto criada na Tanzânia, com base naqueles três movimentos, em 25 de Junho de 1962, e Mondlane foi eleito o seu primeiro presidente. 

Nessa altura, Mondlane já tinha chegado à conclusão de que não seria possível conseguir a independência de Moçambique sem uma guerra de libertação, mas era necessário desenhar uma estratégia e obter apoios para a levar a cabo, o que Mondlane começou a fazer. A luta armada foi desencadeada em 25 de Setembro de 1964, com o ataque de um pequeno número de guerrilheiros ao posto administrativo de Chai, na província de Cabo Delgado.  

Morte e legado

Eduardo Mondlane morreu em Dar-Es-Salaam em 3 de Fevereiro de 1969 ao abrir uma encomenda que continha uma bomba, na casa de uma ex-secretária sua, Betty King.

Mondlane deixou viúva, Janet Mondlane, que foi a primeira directora nacional de Acção Social de Moçambique independente e a primeira presidente do Conselho Nacional contra a SIDA, já nos anos 2000-2004, e três filhos. Mais importante, deixou um livro, Lutar por Moçambique, que só foi publicado alguns meses depois da sua morte, onde detalha como funcionava o sistema colonial em Moçambique e o que seria necessário fazer para desenvolver o país.

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