Terça-feira, 3 Dezembro, 2024
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REFLEXÕES DA MUVALINDA: Empoderadas ou Bancadas?!

Por Jornal Notícias
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Cândida Muvale*

FAÇO parte de alguns círculos de amizade de mulheres de diversas idades e status social. As minhas amigas mais próximas, casadas e solteiras são trabalhadoras mas nos últimos tempos está a ser frequente muitas delas reclamarem da dupla jornada de ser dona de casa e trabalhadora, umas até já me disseram que se o parceiro tivesse melhor condição financeira elas deixariam de trabalhar e ficariam exclusivamente donas de casa.

Isso me fez pensar, será que as mulheres querem mesmo serem as tais empoderadas, economicamente independentes? Ou tendo a possibilidade financeira suficientemente confortável, optariam em não trabalharem fora e se dedicarem apenas à família?

Creio que existem estudos sobre estas questões publicados em todo mundo, não me dei tempo para pesquisar e encontrar respostas cientificamente válidas mas sendo mulher e olhando para o cenário actual me atrevo a dizer que muitas mulheres querem sim ter estabilidade financeira, construir uma carreira profissional, mas quando se casam e se tornam mães as responsabilidades aumentam, igualmente a pressão e elas tendem a se sentir muito culpadas por não se dedicarem 100% ao seu lar, filhos e esposo como também a não darem os seus 100% no trabalho pois estão sobrecarregadas com outras tarefas, muitas não dão continuidade aos seus estudos para poderem estar mais capacitadas ao mercado e já até soube de casos de umas que recusaram promoções laborais porque iria comprometer demais a sua vida familiar.

Sinceramente não sei os ganhos do feminismo neste aspecto, pois actualmente as mulheres que são exclusivamente donas de casa são desvalorizadas na sociedade,  muitos questionam, mas apenas ficas em casa, não fazes mais nada? Esquecem que o trabalho de casa é árduo e deveras cansativo, não é fácil cuidar de casa, esposo e filhos e existem coisas que não se delegam, deve ser a mãe a fazer. E alguns homens também não reconhecem as suas esposas donas de casa, reclamam delas e as submetem a violência doméstica.

A situação piora quando a mulher para além de mãe, esposa e com trabalho fora é a única provedora da sua família mesmo com a presença do seu esposo que é gigolô e não faz nada para apoiar as despesas domésticas e/ou ajudar nos afazeres domésticos. Já se foi o tempo onde homens eram cavaleiros e provedores e sentiam vergonha de serem bancados por mulheres, hoje uns estão tão acomodados que pensam ser da responsabilidade das mulheres os sustentar e se incomodam quando isso não acontece. Essa inversão de papéis chega a me arrepiar.

O título de hoje em forma de pergunta: empoderadas ou bancadas?! É na verdade uma questão interessante e complexa, pois as mulheres são diversas em suas escolhas e desejos. Algumas valorizam muito a independência financeira e a realização profissional, enquanto outras preferem focar na família e no lar. O mais importante é que cada mulher possa ter a liberdade de escolher o que faz sentido para ela, sem pressões externas, o que é bastante difícil de ocorrer. Pois, quando vives de mesada do seu parceiro te chamam de dondoca ou marandza, quando trabalhas e és financeiramente independente dizem que tens ares masculinos, assustas, és nariz empinado, não serás submissa e consequentemente homens têm medo de se aproximar pois dizem que feres o ego deles.

As mulheres querem ter sucesso mas temem a rejeição e os homens não estão a ser educados para aceitarem e saberem lidar com mulheres poderosas por isso se sentem ameaçados. É crescente o número que mulheres financeiramente independentes solteiras ou em relacionamentos tóxicos com chulos e gigolôs. Só Deus para nos salvar.

Um versículo bíblico que aborda a importância da liberdade de escolha e do respeito às diferentes vocações das pessoas é Gálatas 5:13, que diz: “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis, então, da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor.” Esse versículo ressalta a importância de respeitar as escolhas individuais e de agir com amor e compreensão em relação ao próximo.

*Psicóloga e Activista Social

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