Quinta-feira, 21 Novembro, 2024
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ABORDAGEM INOVADORA DO CANCRO: Moçambique volta a ser referência internacional

Por Anabela Massingue
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MOÇAMBIQUE evidenciou-se num passado não distante pelo desenho de um programa-piloto de formação médica especializada na área de oncologia, cuja implementação está em curso em diferentes países africanos, asiáticos e latino-americanos.

Este ano, voltou a ser referência internacionalmente, graças à elaboração e implementação de tecnologias baratas, com eficácia similar à dos países que adoptam as mais caras, na perspectiva de alargar os serviços oncológicos a mais necessitados e salvar vidas.

Tanto numa como na outra distinção, o mérito foi para Cesaltina Lorenzoni, galardoada com o prémio “Líder Global em Saúde na área do cancro”, por ter elaborado os projectos e levado-os ao conhecimento do círculo científico, na qualidade de pesquisadora.

Chefe do Programa Nacional de Controlo de Cancro, directora científica e pedagógica do Hospital Central de Maputo (HCM), Cesaltina Lorenzoni é igualmente presidente-eleita da Organização Africana de Pesquisa e Treino em Cancro, entre outras atribuições no domínio da luta conta o cancro.

Recentemente premiada nos Estados Unidos da América, a laureada não esconde a sua satisfação, mas lamenta o facto de a pesquisa continuar a atrair poucos médicos, principalmente os mais jovens.

No que diz respeito à responsabilização do paciente pela chegada tardia ao tratamento de cancro, muitas vezes alegada pelos profissionais da Saúde, Lorenzoni assume que a responsabilidade deve ser partilhada, porque se por um lado está o doente que não identifica a doença e muito menos as suas manifestações, por outro está o problema de falta de condições de rastreio e diagnóstico acertado nos diferentes níveis de prestação de serviços de saúde, pelo país.

Professora nos cursos de mestrado em Medicina, Cesaltina Lorenzoni dedica igualmente o seu tempo ao Centro de Pesquisa e Treino instalado no Hospital Central de Maputo e também à revisão de trabalhos científicos sempre que é solicitada.      

De seguida, transcrevemos partes da entrevista que o “Notícias” manteve com Cesaltina Lorenzoni.

NOTÍCIAS (Not.): Foi recentemente distinguida pelo seu empenho na luta congra o cancro em Moçambique e é descrita como inspiradora de outros cientistas nesta causa, dentro e fora do país. Que retorno recebe da equipa com que trabalha?

CL: O retorno é bastante positivo, porque em termos de liderança no Programa Nacional do Cancro os colegas acreditam que é possível fazer a diferença, pois lá vem reflectido o seu trabalho. Por exemplo, se nós em Moçambique temos o plano nacional e estratégias definidas para prevenção, detecção e tratamento do cancro é porque temos documentos elaborados de forma conjunta e os colegas sentem que o trabalho que estamos a fazer tem impacto no país, em África e no mundo inteiro. Este trabalho, especificamente, está relacionado com a área de pesquisa e notamos que tem repercussão positiva no que diz respeito à implementação da inovação e adopção de novas tecnologias em África e também no mundo. De uma forma geral, diria que o retorno é positivo, inspirador e motivador, principalmente para os investigadores mais jovens.

Not.: Na sua experiência decana dedicada à pesquisa, sente que os médicos jovens se apaixonam pela oncologia?

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