Domingo, 22 Dezembro, 2024
Início » Nem tudo está sempre bem: como não cair na armadilha da positividade tóxica

Nem tudo está sempre bem: como não cair na armadilha da positividade tóxica

Por Jornal Notícias
1,7K Visualizações

VIVEMOS numa era onde a positividade é frequentemente exaltada como uma solução para todos os problemas. Nas redes sociais, somos bombardeados com mensagens que nos incentivam a “pensar positivo” e “olhar sempre o lado bom da vida”. Embora uma atitude optimista possa ser benéfica, há uma linha ténue entre ser positivo e cair na armadilha da positividade tóxica.

A positividade tóxica é o conceito de que, independentemente da situação ou dor emocional, as pessoas devem manter uma mentalidade positiva. Esta ideia sugere que expressar emoções negativas é um sinal de fraqueza ou falta de gratidão. No entanto, essa pressão para ser feliz o tempo todo pode ser prejudicial, pois nega a complexidade das experiências humanas e a necessidade de reconhecer e processar emoções difíceis.

Os perigos da positividade tóxica

A positividade tóxica pode levar a várias consequências negativas:

Supressão emocional: A pressão para ser sempre positivo pode levar as pessoas a suprimir sentimentos negativos. Suprimir emoções pode resultar em stress acumulado, ansiedade e até depressão, pois as emoções não expressadas têm uma maneira de ressurgir de maneiras mais prejudiciais.

Isolamento social: Quando alguém é constantemente encorajado a “ser positivo”, pode sentir-se incompreendido ou isolado. Amigos e familiares podem, inadvertidamente, fazer com que a pessoa se sinta culpada pelas suas emoções, levando ao afastamento social.

Validação de experiências: As emoções negativas são parte integrante da experiência humana. Negar ou minimizar essas emoções pode invalidar as experiências e sentimentos de uma pessoa, fazendo com que se sinta inadequada ou errada por sentir tristeza, raiva ou frustração.

Resolução de problemas: Enfrentar e reconhecer emoções negativas é crucial para a resolução de problemas. Ignorar esses sentimentos pode impedir a busca de soluções eficazes, levando a problemas não resolvidos que se podem agravar ao longo do tempo.

Como evitar a positividade tóxica

Aceitação das emoções: Aceitar que nem sempre se pode estar bem é fundamental. Todos temos dias ruins e enfrentar esses momentos com honestidade é crucial para a saúde mental. Permita-se sentir tristeza, raiva ou frustração sem julgamento.

Validação e empatia: Quando alguém expressa sentimentos negativos é importante validá-los. Em vez de oferecer conselhos imediatos ou tentar “corrigir” a situação, pratique a escuta activa e demonstre empatia. Frases como “entendo que isso deve ser difícil para ti” podem ser muito mais úteis do que “vai ficar tudo bem”.

Diálogo aberto: Promover um ambiente onde as pessoas se sintam seguras para expressar todas as suas emoções, positivas ou negativas, é essencial. Incentivar conversas honestas sobre sentimentos pode ajudar a evitar a internalização de emoções e reduzir o estigma em torno da tristeza e outras emoções consideradas “negativas”.

Autocompaixão: Praticar a autocompaixão envolve tratar-se com a mesma gentileza e compreensão que se ofereceria a um amigo próximo. Reconhecer a sua própria dor e permitir-se sentir sem se julgar pode ser um passo importante para evitar a positividade tóxica.

Cultura de autenticidade: Promover a autenticidade nas interações sociais pode ajudar a combater a positividade tóxica. Mostrar vulnerabilidade e ser honesto sobre os próprios sentimentos pode incentivar os outros a fazer o mesmo.

A positividade tem o seu lugar e benefícios, mas quando levada ao extremo, pode tornar-se tóxica. É essencial encontrar um equilíbrio, reconhecendo que é normal e saudável sentir uma gama completa de emoções. Aceitar e enfrentar sentimentos negativos pode levar a um crescimento pessoal mais profundo e a uma vida emocionalmente mais equilibrada. Em vez de sermos prisioneiros de uma positividade constante, devemos cultivar a aceitação e a autenticidade, permitindo-nos ser verdadeiramente humanos e abraçar as nossas fragilidades.

*CEO da Kuentxa Academia de Comunicação Estratégica e de Liderança Humanizada

Leia mais…

Artigos que também podes gostar