Domingo, 8 Setembro, 2024
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CONFLITO ARMADO EM CABO DELGADO: Mulheres sofrem mais stress, depressão e ansiedade 

Por Jornal Notícias
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UMA pesquisa intitulada “Prevalência e factores associados a perturbações mentais comuns entre pessoas deslocadas devido ao conflito armado em Cabo Delgado, Moçambique: um estudo transversal de base comunitária”  revela que a prevalência de perturbação de stress pós-traumático, depressão e ansiedade nos sobreviventes e deslocados do conflito armado na província de Cabo Delgado é extremamente alta, sendo que os indivíduos do sexo feminino correm maior risco de desenvolver estes transtornos mentais.

Da autoria de Naisa Manafe, investigadora do Instituto Nacional de Saúde (INS), o trabalho tinha como objectivo avaliar as doenças mentais comuns, tais como: a perturbação de stress pós-traumático; a depressão e a ansiedade e os factores associados entre os deslocados internos e sobreviventes do terrorismo em Cabo Delgado.

Trata-se de uma matéria transversal, quantitativa e de base comunitária, que decorreu entre Janeiro e Abril de 2023, com uma amostra de 750 participantes seleccionados por conveniência.

A metodologia implementada consistiu em entrevistas presenciais e utilizou a lista de verificação de Perturbação de Stress Pós-Traumático (PEPT) para avaliar PEPT (PC-PTSD-5), a Escala de Transtorno de Ansiedade Generalizada (GAD-7) para analisar a ansiedade e o Questionário de Saúde do Paciente – Moçambique (PHQ -9 MZ) para a depressão.

As três doenças mentais comuns avaliadas no estudo mostraram-se altamente prevalecentes, sendo: 74,3% de perturbação de stress pós-traumático; 63,8% de depressão; e 40% de ansiedade. A chance de desenvolver estes transtornos foi maior em mulheres.

A investigadora refere ainda que as emergências humanitárias constituem um grande desafio de saúde global com potencial para criar um impacto profundo na saúde mental e psicológica das pessoas, sendo que o deslocamento por conflitos é um evento traumático que perturba as famílias e afecta a saúde física e psicológica em todas as idades.

Uma pessoa que enfrenta incidentes traumáticos como a guerra, desastres naturais, entre outros, pode desenvolver a perturbação de stress pós-traumático. A pesquisa refere, igualmente, haver poucos estudos e informação disponível sobre o stress pós-traumático, depressão e ansiedade em países de baixo e médio rendimento em contextos de emergência humanitária, como é o caso de Moçambique.

Baseando-se nos resultados obtidos, a pesquisa recomenda a integração do rastreio de perturbações mentais comuns em contexto de emergências humanitárias, bem como intervenções psico-sociais para a população deslocada de conflitos armados na província de Cabo Delgado, com destaque para as mulheres. Foram co-autores Hamida Ismael Mulungo, Fábio Ponda, Palmira F. Dos Santos, Flávio Mandlate, Vasco F. J. Cumbe, Ana Olga Mocumbi e Maria R. Oliveira Martins.

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