Quinta-feira, 19 Setembro, 2024
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Criar ambiente harmonioso para evitar o suicídio

Por Jornal Notícias
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Viriato Mário

NOTÍCIAS desagradáveis chegam-nos diariamente, através dos órgãos de informação e de outras plataformas de comunicação, relatando que num determinado lugar deste nosso belo e vasto Moçambique ocorreu um suicídio. Várias razões são apontadas para este fenómeno, porém há que destacar as violações e abusos sexuais mal encaminhados ou acompanhados.

Regra geral, as violações e abusos sexuais, de modo particular da rapariga, têm como agressores pessoas próximas que podem ser o pai, vizinho, tio, primo, etc. E, não obstante as mensagens largamente difundidas sobre a importância de denunciar este fenómeno, independentemente do espaço onde ocorre, o mesmo continua a ser encoberto, até da parte da mulher, mãe ou esposa.

Refiro-me a menor que é violada e assim se torna adulta. A sociedade exige dela casamento, filhos, sucesso escolar e profissional sem saber que por detrás de tudo que se podia esperar dela esconde-se o abuso sexual. Uma situação que muitas vezes o agressor ameaçou-a caso fizesse a denúncia e, portanto, fica privada de partilhar o sucedido com quem quer que seja.

Ou seja, não tem como partilhar o sentimento porque, para além correr o risco de a sua atitude ser reprovada por quem a escuta (que até pode ser a mãe), é a figura de pai que pode ficar diluída na família, por exemplo, e se por hipótese for considerado líder em outros círculos, a situação é mais grave ainda.

Sendo assim, o que se pode esperar desta pessoa que cresce traumatizada? Pouco. Algumas tendem a prostituir-se, outras a cultivar o egoísmo e fechamento e outras ainda optam pelo suicídio.

A sociedade vive de julgamentos, mas existem trabalhos profundos por realizar no seio familiar. Deve haver maior abertura das instituições, de modo particular do Gabinete de Combate à violência, no que diz respeito à protecção da vítima e sigilo. Acredito que haja sigilo da parte dos profissionais, mas deve-se desenvolver campanhas que visam oferecer segurança às vítimas, destacando a parte do sigilo e possíveis repreensões caso viole esta norma. Acredito que as vítimas vão se sentir cada vez mais confortáveis para solicitar ajuda a quem de direito.

Pois, muitas delas após terem sido violadas, o que significa envolvimento sexual pela primeira vez, e depois abusadas, quanto o acto sexual é repetitivo, podem ficar traumatizadas ao ponto de não encontrarem razões para continuar a viver.

A sociedade é rápida a julgar pessoas do sexo feminino com desvio de comportamento considerado padrão. Pois, por vezes a pessoa retrai-se e deixa de partilhar os mesmos espaços com os amigos, na escola tende a ficar isolada; quando está em casa não dialoga até com a mãe; quando chegam familiares tende a ter comportamentos estranhos, enfim, comportamentos estranhos. E quando situações destas ocorrem, a priori, os pais limitam-se a dizer que a filha tem mania, é rebelde, desobediente, etc.

Consequentemente, esta rapariga não consegue formar uma família, porque vê a figura do homem como terrorista, devido à má experiência que passou, com o agravante de lhe ter ido advertido para não partilhar o assunto com os demais.

É tarefa dos sociólogos, psicólogos, entre outras áreas de conhecimento é influenciar positivamente na definição de políticas que de protecção da mulher, em particular, porque é ela quem mais sofre com os abusos sexuais, não querendo dizer com isso que os homens estejam bem.

Existem depoimentos de mulheres a relatarem ter sido resgatadas na ponte quando tentavam suicidar-se. Alegavam não terem encontrado outra alternativa que desse sentido à sua vida, sobretudo porque depois do acto a vida nada voltou a ser como antes.

Assim sendo, é sempre bom estabelecer amizade e conquistar a confiança das pessoas deprimidas para que consigam partilhar o que lhes deixa desanimados para juntos mudarem o rumo dos acontecimentos. Aliás, são pessoas que têm muito a oferecer à família e à sociedade.

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