Opinião & Análise CÁ DA TERRA: Calor devastador Por Jornal Notícias Há 4 meses Criado por Jornal Notícias Há 4 meses 1,7K Visualizações Compartilhar 1FacebookTwitterPinterestEmail 1,7K Já fazia várias horas que me prostrara na janela, para onde me dirigira com o fito de fechar as portas perante os primeiros sinais do temporal. Aquele dia estava mais escaldante do que todos. Todos reclamavam do calor. Ar pesado, impróprio para cardíacos. Há quem, no entanto, teimava, dizendo que sentia o odor da chuva. Em Agosto? Noutras alturas calor do inferno chama chuva diluviana, mas estamos em Agosto, mês em que nem água vai, nem água vem, só apanha poeira, diriam outros. Uma espessa cortina de poeira vermelha ofuscava a visão do longínquo. De tempos em tempos assomava para as alturas o que parecia um remoinho que se dissipava ou contornava os obstáculos que encontrava pela frente. O espectáculo, iniciado pela manhã, prosseguiu pela tarde. Com o calor sucedem-se os cortes de energia, o consumo dispara e os sistemas ainda carecem de aprimoramento, sobretudo num, contexto em que há quem recorra directamente ao “Cahora Bassa é nossa”. Dizia que os cortes des(programados) não permitem idealizar qualquer coisa, nem mesmo rabiscar algumas linhas para o Cadaterra. Finalmente fechei as janelas. O calor não nos largava. Todas as forças se compunham para amassar, queimar o corpo que jorrava suor por todos os poros. Manter as janelas abertas também seria um suicídio por causa das poeiras que meia volta nos levam ao hospital com receio de uma nova variante da “corona”. É que desde então cada vez que apanho uma gripe é um derrube. Dói tudo, corta o apetite e o corpo definha. O vento aumentou de intensidade. Nesse instante, vislumbro o que parece um painel publicitário a se desprender, vindo a cair dezenas de metros adiante. O calor desarruma a gente e com o vento despedaçam o pulmão, turvam a vista, borra a maquiagem, parece remexer com o nosso ego. Não há como ter imunidade às forças da natureza. A cidade nunca tinha visto um calor assim, pelo menos desde que o frio se despediu, apesar de sem o devido ofício. Devia ter prestado atenção. A natureza dá sinais, a lua, as nuvens e até mesmo a cor do céu têm algo a dizer. Os marinheiros sempre associaram o vermelho do céu a ocorrência de tempestades, por exemplo. A cidade acreditava estar preparada para enfrentar mais esta onda, mas não estava a avaliar pelas enchentes nos hospitais. Qualquer dia, quando menos esperarmos, ele pode voltar e precisamos estar preparados. Os jornais não tem dúvida: São as mudanças climáticas e adiantam que o calor extremo tem um impacto devastador em centenas de milhões de pessoas. Infelizmente tal é verdade. Estou devastado. Leia mais… Você pode gostar também REFLEXÕES DA MUVALINDA: Mulher moçambicana Nem tudo está sempre bem: como não cair na armadilha da positividade tóxica REFLEXÕES DA MUVALINDA: Quem cuida do cuidador?! Belas Memórias: Uma série de azar e pesadelos na TAAG CÁ DA TERRAOpinião & Análise Compartilhar 1 FacebookTwitterPinterestEmail Artigo anterior Livro de Jorge Jairoce discute mulher no comércio transfronteiriço Próxima artigo Rua Dilon Ndjindji homenageia “Rei da Marrabenta” Artigos que também podes gostar CÁ DA TERRA: O caminho para encruzilhada? Há 1 dia BELAS MEMÓRIAS: Os ovos não se partem, pai!(conclusão) Há 1 dia REFLEXÕES DA MUVALINDA: Os 47 Anos da OJM Há 4 dias CÁ DA TERRA: As coisas boas para recordar Há 1 semana BELAS MEMÓRIAS: Os ovos não se partem, pai!(4) Há 1 semana REFLEXÕES DA MUVALINDA: Coragem Há 2 semanas