Segunda-feira, 16 Setembro, 2024
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VENÂNCIO MONDLANE, CANDIDATO A PRESIDENTE: Queremos resgatar sentimento de pertença

Por Francisco Manjate
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FRANCISCO MANJATE

TEM o dom da oratória e já foi professor. Com passagem pela banca, Venâncio Mondlane, antigo deputado da Assembleia da República pela bancada da Renamo, almeja dirigir o Estado moçambicano. É uma aventura, diga-se, a solo, no sentido de que vai à corrida eleitoral sem suporte de nenhuma formação política. Mesmo assim, não desanima, pois, diz, a sua ideia é dirigir um amplo movimento político e da sociedade civil. Nesta entrevista concedida ao “Notícias”, Televisão de Moçambique e Rádio Moçambique, discute as principais ideias do seu manifesto eleitoral, com foco naquilo que considera a necessidade de resgate do sentido de pertença dos moçambicanos.

Siga a entrevista.

NOTÍCIAS (Not.): É engenheiro florestal, foi professor e também trabalhou na banca… Como é que entra na política e o que move Venâncio Mondlane?

VENÂNCIO MONDLANE (VM): Move-me exactamente um sentimento que, para mim, é permanente ao longo da minha vida e é voltado a tudo fazer para minimizar a dor dos outros. É algo que apareceu em mim de forma quase que instintiva e que ao longo do tempo se foi convertendo nas várias facetas que fui apresentando. Mas todas elas sempre tinham como foco servir mais do que me servir. Por isso, antes de entrar na política fiquei muitos anos como activista social.

Not.: Até que ponto a passagem pelo activismo social foi importante para si?

VM: Sim. Fui líder de uma associação que é activa há mais de 30 anos. E sempre o meu foco foi nas actividades, tanto cívica quanto as de docência e, agora, políticas, para minimizar a dor alheia. Por isso, no meio deste percurso, alguns acabaram apelidando-me de “a voz dos que não têm voz”, porque esta foi exactamente a minha marca.

Not.: Nos últimos 10/15 anos foi militante activo na Frelimo, MDM, Renamo e CAD. Não pensa, por estas alturas, criar o seu próprio partido?

VM: Todas as hipóteses estão abertas, mas, neste momento, tenho um foco e uma meta, com um tempo de trabalho eleitoral extremamente apertado. Aliás, já vamos começar com a campanha daqui a alguns dias.

Not.: Mas equaciona ou não criar o seu próprio partido?

VM: Neste momento, o que assumi, por todas as circunstâncias e todos os episódios que já são bem conhecidos, é que vou com todo o foco para esta batalha eleitoral. E o meu grande convite ou, digamos assim, a mensagem que, neste momento, estou a transmitir é que quero liderar uma frente ampla de partidos políticos, de organizações e membros da sociedade civil para esta batalha eleitoral. Depois disso, vamos ver o que nos reserva o futuro.

Not.: Sabemos que, geralmente, as formações políticas são a plataforma que congrega as preocupações das massas. Candidatando-se à Presidência da República sem suporte de nenhum partido, a quem representa efectivamente?

VM: Quando saí da última formação política onde estava, por episódios também que se tornaram muito mediáticos, fiquei um período a reflectir sobre o que ia fazer para o futuro. E toda a pressão, entre aspas, tanto nas redes sociais, na “media”, na família, tinha um denominador comum que é a do apoio incondicional. Diziam: não interessa a formação política a que estiveres associado. Nós acreditamos nos seus ideais e vamos seguir-te e apoiar-te. Então, tudo isto significa que neste momento a questão da formação política em que estava associado tem a ver com o quadro político eleitoral e jurídico que existe em Moçambique. Mas, na verdade, sinto-me mais confortável a representar uma frente unida, comum e mais ampla de partidos, sociedade civil e também daqueles que não se identificam com nenhum tipo de organização, mas têm um ideal de um Moçambique melhor, mais patriótica e mais solidário.

Not.: Qual é que acha ser a sua principal mensagem, olhando para tudo o que tem feito?

VM: Penso que a grande mensagem que temos estado a difundir e que pode sintetizar tudo o que estamos a fazer é simples: este Moçambique é nosso. É que tenho uma percepção de que, ao longo do tempo, o sentimento de pertença e de identidade com a pátria foi-se degradando. Sinto que isso é um défice que todos temos, por isso, assumi a responsabilidade de liderar esta nova era que é de resgatar este sentimento de identidade nacional, fazendo com que os moçambicanos tenham orgulho da sua própria nação e que o sentimento de pertença à nossa terra volte a ser reacendido. Então, este valor, na verdade, é o que me move. E isso não tem limitação partidária ou ligação a um grupo. Parece-me um valor mais universal no sentido moçambicano. Então, penso que represento mais esse valor e toda a gente que se identifica com ele. Not.: Como é que pensa que governaria Moçambique, caso vença as eleições, sem o apoio de nenhum partido político e qual seria a sua relação, enquanto Chefe

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