Sábado, 14 Setembro, 2024
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Que destino para as casas do Zimpeto?

Por Jornal Notícias
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HENRIQUES AFONSO

SOU um jovem moçambicano atento ao que se desenrola dentro e fora do país, porque me é ensinado que em tudo que se faz deve-se evitar o desperdício. Desperdício de tempo em coisa fúteis, que nem sequer edificam; desperdício de comida que depois vai ao caixote de lixo, quando existem pessoas que passam fome; desperdício de dinheiro em tudo que se revela inútil, portanto, é preciso dar valor ao que se tem.

É um facto que todo o cidadão almeja o bem-estar. Ninguém quer sofrer, e não é por acaso que os pais, desde tenra idade, preparam os filhos para os desafios que a vida impõe. Levam-nos à escola, ensinam-nos a executar tarefas domésticas como lavar loiça, arrumar a cama, cuidar de higiene pessoal e colectiva, ir a machamba, enfim, tudo em preparação de um Homem que será útil à sociedade.

Neste momento deparamo-nos com uma situação desconfortante que se traduz na construção de infra-estruturas públicas cujas obras não chegam ao fim, ou se chegam, tornam-se “elefantes brancos”, porque são abandonadas. Enfim, uma contrariedade que os cidadãos questionam a razão de ser.

Questiona-se, igualmente, a responsabilidade daqueles que velam pelas obras públicas e o seu nível de intervenção para aquilo que se pretende das infra-estruturas.

O caso das casas construídas pelo município de Maputo no bairro do Zimpeto, para beneficiar os funcionários, é de questionar e admirar nesta pátria que almeja o desenvolvimento.

Efectivamente, estas foram construídas e mais tarde abandonadas. Nota-se a presença humana em uma e outra casa, mas maior parte está com as portas trancadas. Esta situação criou condições para que alguém tirasse proveito, ao arrendar sem a devida autorização. Mas, entre nós, aplaudimos este facto, porque pelo menos está a fazer o uso destas infra-estruturas de modo a evitar a contínua degradação.

Mais tarde, as autoridades anunciaram a pretensão de demolir estas casas, provavelmente para erguer outras benfeitorias que possam responder às expectativas e preocupações. Porém, esta atitude não me parece correcta, porque todas as construções, incluindo as públicas, obedecem a normas e etapas.

Primeiro, houve uma preocupação de base que consistiu em proporcionar habitação aos funcionários, ao que se seguiu a outras etapas. Os engenheiros e projectistas foram solicitados para elaborar a planta e outros detalhes e, acima de tudo, um orçamento para materializar a iniciativa. E todas estas fases mereceram a apreciação minuciosa, tendo em conta o prazo para a execução e respectivo acompanhamento. As casas foram construídas e depois abandonadas. O que dizer desta atitude?

Será justo este proceder? Em todas as etapas da construção não houve fiscais atentos à qualidade? Vários questionamentos podem ser feitos, uma vez que este proceder é incorrecto, sobretudo porque os cidadãos estão ávidos em ter habitação própria.

É deste modo que se questiona a razão desta maneira de agir do município. Desenvolver o país é também evitar desperdício.  

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