Sábado, 14 Setembro, 2024
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CÁ DA TERRA: Triste fundo

Por Jornal Notícias
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Finalmente arrancou a maratona de caça ao voto para as eleições de 9 de Outubro, período no qual os partidos se esmeram por convencer o eleitorado a votar nas suas cores, no seu programa ou no seu candidato. Trata-se de um exercício democrático ao qual acreditamos e já faz parte do nosso calendário cívico. Pena alguns partidos só ressuscitarem de sono profundo à custa do triste fundo que lhes é alocado para a

É uma maratona de 43 dias. Até aqui, em termos de horizonte, está tudo bem. As promessas essas alinham com o desejo da população, mais e melhores serviços, desenvolvimento, emprego, sim emprego, sobretudo para os jovens.

Pela experiência de períodos anteriores, os 43 dias nem sempre passam imaculados.

A herança de plena desconfiança de tudo e todos, que aparentemente esteve hibernada durante quatro longos anos, volta a manifestar-se, cada vez mais virulenta, acirrando as preocupações dos eleitores sobre o seu futuro quase imediato.

Vimos alguns partidos mais interessados em destilar a sua virulenta desconfiança, ao invés de realizar um trabalho político que leve mais potenciais eleitores a votarem, sobretudo os jovens, a quem reside o futuro deste belo país.

Nalgumas cidades e vilas vemos muita gente aparentemente despreocupada, na curtição, alheios aos discursos das caravanas que passam e depois vão se arrepender das escolhas dos outros. Alguns destes nem sequer se recensearam, logo não poderão se aproximar do posto de votação, não poderão fazer valer as suas  expectativas de governação.

As nossas práticas, princípios e perspectiva singular da política, assim como as equações sociais nos quais militantes e simpatizantes transitam, carece ainda de apuramento para induzir uma plena participação dos cidadãos na condução dos seus destinos.

É preciso recordar a uma grande franja de pessoas que tem um dever para com esta nação.

Em tempos de desconfiança na política, como promover e cultivar princípios democráticos? A pergunta talvez sinalize a falta de um esforço construtivo para o alargamento da visão de pertença e da acção, ao invés do constante enlamear no risco da ridicularização dos processos.

Enxergamos o mundo da política que mais contribui para a expressão de reivindicações políticas fora do quadro democrático commumente praticado e vivido como definição e herança de países com tradição neste tipo de eventos.

A desconfiança não soa como um defeito, mas como uma garantiria de sobrevivência a qual muitos dos nossos se socorrem, dada a sua visão de um mundo repleto de traição, dum ponto de vista de que em toda a acção há sempre segundas intenções, que há sempre quem está a tramar algo.

Infelizmente, estamos a cultivar um sentimento que tende a enraizar-se, com o condão de marcar toda a vida do nosso processo democrático.

Desconfiar é saudável, em dose e medida certa.

Infelizmente, os nossos processos, porque baseados na desconfiança generalizada, são por isso desgastantes e podem facilmente multiplicar algum rancor e mágoa, perspectiva que não traz paz e agudiza divisões.

A mais vigorosa das desconfianças, está hoje relacionada com o papel dos tribunais, após a recente revisão da Lei eleitoral, uma vez que reina a “intuição” de que haverá enchimentos e os tribunais não podem agir na medida de mandar anular a eleição.

Não quero acreditar que estejamos perante uma desconfiança doentia ou patológica. Aprendi que não devemos inventar a roda, precisamos de uma base sólida e controle total. Aprendi ainda que o nosso país é abençoado e que nós também somos por natureza propensos à busca contínua do bem.

Há que saber o que é ser atraiçoado pelo desespero para não apostarmos numa nuvem negra, capaz de sugar todo o ânimo e tornar a felicidade, por mais fugaz, um sentimento impossível.

A centelha de esperança que conseguimos preservar, mesmo nos momentos mais sombrios, deve servir de farol para sobreviver à tempestade.

O sucesso não é misterioso; ele tem uma equação, um algoritmo. Há duas decisões básicas que todos nós podemos tomar para atingir os nossos sonhos: nunca deixar de acreditar e nunca deixar de buscar a felicidade. Parece simples? E é.

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