Segunda-feira, 16 Setembro, 2024
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BAIRRO ICÍDUA: Mais de 16 mil pessoas privadas de água potável

Por Jornal Notícias
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A EMPRESA Águas da Região Centro (ARC) está sem solução técnica para o fornecimento de água ao bairro Icidua, na cidade de Quelimane, onde vivem mais de dezassete mil pessoas. Entretanto, o bairro é um dos mais vulneráveis da urbe, enfrentando neste momento sérias dificuldades no acesso à água, saneamento inseguro, imundice, deficiente ordenamento, erosão e inacessibilidade por estrada.

A Empresa Água da Região Centro (ARC), através do seu assessor de imprensa, prometeu facilitar o contacto com o director da organização, o que não aconteceu até ao fecho desta edição. O problema é antigo, mas as entidades que deveriam solucioná-lo não o fazem.

Entrevistados ontem pela nossa Reportagem, os moradores do bairro consideram que a falta de água é um problema sério. O bairro é cercado pelo rio dos Bons Sinais, mas a água é imprópria para o consumo humano por ser salgada.  A tecnologia de dissalinização é uma miragem, o que faz perdurar um problema que viola, de forma abrupta, os direitos humanos dos moradores locais.

O “Notícias” deslocou-se ao bairro e constatou que a realidade social e económica que ali se vive é chocante. Os moradores recorrem à água de poços contaminados no ano passado pelas chuvas e ciclone Freddy. Em Icídua poucos têm latrinas convencionais, a maioria satisfaz as necessidades biológicas nos mangais. O lixo é deitado de qualquer maneira. Os assentamentos continuam a se expandir sem se observar nenhum aspecto sócio-ambiental.

O secretário do bairro, Martinho Jota, lamenta o facto e diz que por várias vezes contactou a empresa Água da Região Centro e o Conselho Municipal, mas não foi possível ter resposta. Jota disse ainda que, para os residentes do Icídua obterem água potável, têm de comprá-la no reservatório de um privado situado a dois quilómetros, no bairro Torrone, onde, por bidão, pagam 10 meticais e as mulheres têm de pagar pelo transporte.

Carmina Baptista vive há mais de 10 anos no bairro Icídua. Ela lamenta a sua condição de vida, em meio o lixo e erosão que ameaça fazer desabar a sua casa. “Estamos perto da vala provocada pela erosão, é um perigo para as crianças”. A nossa entrevistada explica que, quando chove, as suas casas correm o risco de desabar, e as crianças estão sempre vulneráveis a contrair doenças de origem hídrica.

Chualana Loriano, moradora do bairro Icídua desde 2013, disse que decidiu viver no bairro porque era fácil arranjar terreno. Está arrependida por causa das condições inóspitas e o perigo constante de adoecer devido à imundice. Apesar de estar arrependida, Chaulana disse que não tem dinheiro para arranjar espaço noutro bairro e lamenta o facto de a autarquia não estar a prestar atenção aos munícipes.

Enquanto isso, os mais de dezassete mil munícipes que vivem naquele bairro continuam a correr o perigo de contrair doenças.

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