Segunda-feira, 14 Outubro, 2024
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BELAS MEMÓRIAS: “Próteses”… não digam que não vos avisei

Por Jornal Notícias
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PARTE das mulheres que vivem no meio urbano, bem como as que nele se movimentam diariamente, não usam cabelo próprio, digo natural. Recorrem a próteses capilares, perucas ou cabelo postiço, como queiramos chamar.

Parte das portadoras destes não regressam com eles à casa porque o amigo do alheio decretou guerra sem trégua, principalmente nas horas de ponta e em locais de maior aglomeração de pessoas.

Essa guerra tem como palco preferencial áreas localizadas ao longo da avenida Guerra Popular, com incidência nas paragens 17, mercado Mandela e na esquina desta avenida com a 24 de Julho.

Os roubos ocorrem sistematicamente a qualquer hora do dia e intensificam-se ao cair da noite, com as vítimas a contrair lesões no couro cabeludo, na altura do arranque brusco do cabelo. Com um pouco de sorte há quem saia ilesa, restando-lhe levar a mão à cabeça, se bem que há também espaço para desmaios, pois algumas dessas próteses são caríssimas e pagas em várias prestações.

Nos meios de transporte, os cobradores de boa fé, com um pingo de pena das suas passageiras, têm alertado para o fecho dos vidros, pois para além dos adornos capilares, as “mãos talentosas” não escolhem. Tudo vale. Os “ímans manuais” do amigo do alheio atraem também bens, como telefones celulares e carteiras, sempre que possível.

“Atenção, senhoras. Zona quente, depois não digam que não vos avisei”, é assim que os cobradores se dirigem às passageiras, sobretudo quando se apercebem da presença de algumas, com cabelos postiços.

Quem frequenta estas áreas vê, ou ouve também com alguma frequência, relatos do género. Porque a moda do uso de cabelos artificiais pegou, difícil é encontrar alguém que não tenha uma família ou conhecida, vítima deste tipo de roubo.

Muitos, senão todos, sabem desta realidade, desde o pacato cidadão, os que fazem a vida naquela zona vendendo, os transportadores, provavelmente não saiba quem devia travar o mal.

Anda por lá um sujeito bastante famoso. Ele é conhecido por ser frequentador de um mercado de renome na praça. Quando amanhece passa desse mercado para a restauração, saúda os trabalhadores e quando lhe dá na bolha conta as peripécias das incursões do dia anterior, sobretudo os “grandes” sucessos. Diverte a audiência, contando o número de próteses capilares conseguidos, a forma como as conseguiu e a reação das vítimas.

Uma dessas vezes, ele, o “suposto” comandante da zona de exclusão de próteses capilares, vangloriava-se por ter se apoderado de prótese de uma vendedeira do tal mercado por ele frequentado, diariamente. Uma vez visto pela vítima, esta accionou a polícia que passava nas imediações, com a certeza de que o seu cabelo estava nas mãos do larápio.

Os agentes da Polícia fizeram o seu trabalho de vasculha e nada de prótese. Com certeza, a dona do cabelo insistia que era com aquele indivíduo que o seu cabelo se encontrava e prometeu pagar em troca, aos presumíveis larápios, dois mil meticais caso a entregassem o seu cabelo.

Posto livre do cerco policial, o larápio exigiu da vítima os dois mil meticais e posteriormente devolveu o que lhe tinha roubado. Afinal, o cabelo estava com ele mesmo! 

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