Quinta-feira, 31 Outubro, 2024
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ELEIÇÕES GERAIS: Magumisse responsabiliza Ossufo Momade pela derrota

Por Jornal Notícias
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ALFREDO Magumisse, destacado quadro da Renamo, responsabiliza o presidente do partido, Ossufo Momade, pela derrota que esta organização política sofreu nas eleições gerais de 9 de Outubro corrente.

Para Magumisse, a par de Ossufo Momade estão também os órgãos centrais do partido, designadamente o Congresso, o presidente, o Conselho Nacional, o Conselho Jurisdicional e a Comissão Política, que devem apurar responsabilidades sobre o que terá ditado a copiosa derrota da Renamo, passando de segunda para terceira força política, com apenas 20 assentos na Assembleia da República, contra os actuais 60.

Igualmente, entende que o manifesto eleitoral da Renamo, elaborado para as sétimas eleições presidenciais e legislativas e quartas das assembleias provinciais, não respondeu devidamente aos anseios da população, facto que pode ter influenciado para a derrota do partido no escrutínio do dia 9 deste mês.

Magumisse, que já concorreu à presidência do partido e tem sido uma das vozes mais sonantes desta formação política, entende que se um partido não é votado significa que o seu manifesto não cativou o cidadão, sobretudo a juventude, que faz cerca de 70 por cento do eleitorado no país.

“É verdade que há muitos outros factores, como é o caso, por exemplo, dos tais enchimentos, mas sempre houve enchimentos. No entanto, para o nível que nós caímos foi mesmo desastroso. Isto é o ABC da política. Eu estou a dizer que, fazendo uma leitura linear, os votos que a Renamo tem, se assumirmos que são votos da Renamo, quer dizer que o nosso manifesto não respondeu ou não cativou o cidadão para endossar o seu voto em nós. Então, deveria ter-se melhorado esse documento”, indicou o deputado da Assembleia da República pela bancada da Renamo.

Sobre de quem é a responsabilidade por a Renamo ter avançado para a corrida eleitoral com um documento incipiente, Magumisse refere que o partido é presidencialista e tem órgãos centrais que tomam decisões de grande impacto, daí os membros entenderem que estas estruturas, incluindo o próprio presidente, devem assumir a responsabilidade perante a derrota.

Questionado sobre a continuidade ou não de Ossufo Momade na liderança da Renamo, Magumisse começou por assumir tratar-se de uma pergunta difícil e que só pode ser respondida pelo próprio líder, pois a ele cabe se se sente com moral suficiente para continuar.

Mas também disse: “olhando para o que havia dito em relação ao manifesto, ele [Ossufo Momade] tem de assumir uma responsabilidade muito grande, embora se saiba que o seu mandato ainda continua. Ele tem uma grande responsabilidade sobre estes resultados, daí que deve, rapidamente, encontrar formas de oxigenar o partido. Tem de haver uma forma de dar novo alento, de uma aglutinação que permita que o partido se reerga da posição em que vai cair. Tem de aparecer aqui alguém que assuma a responsabilidade, os órgãos centrais, nomeadamente o Congresso, o presidente, o Conselho Nacional, o Conselho Jurisdicional e a Comissão Política. Têm de aparecer a assumir estes resultados, porque o manifesto da Renamo não foi interpretado pelo povo como devia ser”, afirmou Magumisse.

Na sua explanação, Alfredo Magumisse partilhou alguns aspectos que deviam ter vincado no programa de governação da Renamo de modo a granjear simpatias do povo.

Falou da questão fiscal, onde deve-se apontar as estratégias do Estado na captação  eficiente das receitas para que seja robusto. Outro factor é a necessidade de se abrir mais investimentos no país com a finalidade de criar mais postos de emprego.

“Investir mais em Moçambique é uma grande possibilidade para que haja novos postos de trabalho. Portanto, quando há postos de trabalho o Estado ganha, pois há impostos que são pagos e jovens empregados. E a falta de emprego traz um problema político, social, fiscal. E eu acho que isso tem de ficar muito claro”, disse.

Os outros aspectos a considerar têm que ver com a qualidade do ensino, saúde, e também, o desenvolvimento da agricultura, que assegura o sustento de muitas famílias.

“Como é que o país pode produzir de forma sustentável o suficiente para alimentar-se e exportar? Eu acho que seriam essas as grandes linhas de força. E a última seria a questão ambiental. Não podemos marginalizar a questão ambiental com fenómenos naturais frequentes, como os ciclones ou as mudanças climáticas. A questão ambiental tem sido muito bem atacada. Mais ou menos cinco linhas de força que deveriam estar muito claras no nosso manifesto”, finalizou.

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