Rússia e África: Passado e futuro da amizade (Concl.)

SERGEY NESKOROZHENKOV*

A RÚSSIA, por sua vez, está na vanguarda da luta contra as práticas neo-coloniais. Assim, devido a relevância deste problema no mundo actual, esta luta foi sublinhada pela primeira vez no Conceito de Política Externa Russa de 2023. Agora, a Rússia está a promover activamente esta agenda nas plataformas internacionais. Juntamente com os países-membros do Grupo de Amigos em Defesa da Carta das Nações Unidas, o país preparou um projecto de resolução sobre a “Erradicação do colonialismo em todas as suas formas e manifestações”, que foi adoptado no Quarto Comité da Assembleia Geral da ONU em Outubro deste ano, sendo apoiado por muitos países, inclusive Moçambique.

Além disso, o partido Rússia Unida criou um fórum internacional de apoiantes da luta contra as práticas modernas do neocolonialismo – “Pela liberdade das Nações!”. É muito importante que muitos partidos de África se tenham juntado a esta causa. A Conferência Mundial sobre a Multipolaridade, que reuniu mais de 100 peritos políticos de 60 países em 2023, também desempenhou um papel significativo para a consolidação de pessoas que partilham as mesmas ideias.

A participação activa dos países africanos nestes eventos, bem como o desenvolvimento frutuoso da parceria Rússia-África, demonstra, sem dúvida, que os países do continente estão cansados da arbitrariedade do modelo consumista de relações económicas e políticas internacionais praticado, paradoxalmente, por países que se consideram o bastião da democracia.

É evidente que agora a Rússia e os países de África são unidos pelos princípios que devem ser a base de uma nova ordem global: igualdade soberana dos Estados, não ingerência nos seus assuntos internos, respeito pelo direito dos povos a determinarem o seu próprio destino, etc. Defendem conjuntamente o direito internacional, a Carta das Nações Unidas, o papel central desta organização mundial e tentamos coordenar abordagens a questões fundamentais da agenda internacional. É característico que as suas posições sobre muitas destas questões são muito próximas ou totalmente coincidentes.

A liderança russa tem sublinhado repetidamente a sua disponibilidade para construir uma parceria estratégica com os países de África num vasto leque de domínios. Assim, não se trata apenas de formar uma agenda global, mas também de melhorar os mecanismos para uma cooperação económica mutuamente benéfica.

As relações entre a Rússia e Moçambique são um exemplo do avanço sistemático neste caminho. Os últimos anos caracterizam-se pela intensificação da interacção bilateral. Em Maio de 2023, realizou-se a visita de Sua Excelência Sergei Lavrov, Ministro dos Negócios Estrangeiros russo a Maputo. Em Junho do ano passado, Sua Excelência Filipe Nyusi tomou parte na Segunda Cimeira Rússia-África em São Petersburgo.

De ponto de visto prático, é de destacar a realização da terceira secção da Comissão Intergovernamental Russo-Moçambicana para a Cooperação Económica e Técnico-Científica em Julho passado. A reunião comprovou o crescente interesse de várias empresas russas em trabalhar com Moçambique e traçou perpectivas concretas de estreitamento de laços numa variedade de áreas cruciais para ambas as partes. Progresso particular foi atingido na geologia – em que foi celebrado o Memorando de Entendimento sobre a cooperação entre o Instituto Nacional das Minas e Agência Federal do Uso do Subsolo da Rússia, bem como o programa de acções até 2026.

Ao longo da longa e rica história das relações russo-africanas, foi atingido um alto nível de amizade e, sobretudo, de confiança com os países de África e a República de Moçambique, em particular. No contexto da conjuntura internacional muito difícil, a confiança é provavelmente a coisa mais valiosa que pode existir, é a base mais sólida para a cooperação. O desenvolvimento frutuoso destes laços, tanto a nível bilateral como multilateral, é garantido, em prol do bem-estar e a prosperidade dos povos.

*Encarregado de negócios da Embaixada da Rússia em Moçambique

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