Quinta-feira, 19 Dezembro, 2024
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CÁ DA TERRA: Não há lugar para a descrença

Por Osvaldo Gemo
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AINDA na ressaca da participação dos nossos “Mambas”, ficou a imagem de que podemos sonhar porque, definitivamente, Moçambique tem equipa para ombrear e ganhar.

Se estiver a exagerar, antecipadamente desculpo-me. Sou adepto dos “Mambas”, um bem comum que todos nós devemos acarinhar.

Emoção, conexão, engajamento, identidade e sentimento de pertença é o que se esperava. Infelizmente, nas redes sociais avultou a descrença e até houve quem manifestasse o seu apoio ao Mali, na vã tentativa de associar os nossos “Mambas” aos eventos políticos em marcha.

Havia como pensar numa outra realidade que não a vitória? Não! Todos os que ao estádio se dirigiram só tinham em mente este propósito. Infelizmente, a vitória, de facto, não sorriu. Não foi desta vez, pese embora o esforço dos rapazes para que saíssemos do “caldeirão” do  Zimpeto mais unidos, sorridentes.

Ganhar em casa, como se sabe, tem um sabor bem diferente. A força de vontade que movia aquele conjunto, ali no estádio, acabou por não resultar, adiando a qualificação para Bissau.

Faranguana e Saranga também voltaram sem aquele sorriso que lhes é habitual quando jogam os nossos rapazes.

Os que evoluíram em campo são filhos desta terra, dos pedreiros, serventes, camponeses, balconistas, funcionários públicos e afins, não pode, de modo algum, ser-lhes viradas as costas.

O principal elemento fortalecedor do futebol é a conexão emocional, essa aura de envolvimento inexplicável.

Ver os rapazes jogar alegra os olhos, os poros transpiram e o coração, mesmo estando doente, salta que nem o de uma criança. O treinador Chiquinho Conde teve o condão de trazer a mística que faltava e os rapazes dão mostras de que assimilam facilmente o seu pensamento.

Precisamos, sim, de afinar a nossa máquina organizativa, para que a equipa carbure cada vez melhor. Marrocos, o palco do futebol africano, deve inscrever mais um nome: Moçambique.

Os problemas da selecção são bem conhecidos, mas esta deve ser a geração que está a produzir mais, no seu tempo.

Se olharmos o que passou, percebemos que a mesma está melhor estruturada e quando vai para as competições é com cabeça bem erguida e para discutir em pé de igualdade com as restantes, como foi no jogo com o Mali que só faltou aquela ponta de sorte que faz toda a diferença.

A seleccão não se constrói de um dia para o outro. Também não se pode exigir resultados sem trabalho de base. Agora resta-nos fazer o TPC para vermos o que muda.

Comecemos por reorganizar, organizar, organizar… para que nasçam outras estrelas que vão substituir os Mexer, Dominguez, o Catamo (que alegria vê-lo jogar) ou o Clésio.

Há que popularizar o desporto nos bairros, em particular o futebol. Temos de ter uma fábrica de talentos em permanente funcionamento. Homens, mulheres e crianças devem viver o futebol apaixonadamente.

Oiçam o clamor do nosso povo, ansioso por vitórias e só vitórias. No Estádio da Machava, no Zimpeto ou no Caldeirão do Chiveve, nós é que temos de mandar.

Temos de ter alternativas ao Zimpeto, levar as alegrias para outros palcos desta nossa terra. Quem não gosta de ver a sua selecção? O nosso coração está convosco.

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