Domingo, 22 Dezembro, 2024
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EDITORIAL

Por Jornal Notícias
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Dois acontecimentos marcaram a semana prestes a findar: a comunicação do Chefe do Estado à Nação sobre a situação político-social do país, caracterizada por manifestações violentas em repúdio dos resultados eleitorais, e a qualificação da Selecção Nacional de Futebol à fase final do CAN, pela segunda vez consecutiva.
Vamos por partes.

Embora o Presidente tenha abordado, anteriormente e em várias ocasiões, o tema das manifestações, desta vez o fez de forma específica escalpelizando todos os seus contornos. Lamentou as mortes de civis e agentes da autoridade e destruição do património, com consequências negativas para a economia e imagem do país aos olhos dos investidores.

Nesta intervenção, um dos pontos mais salientes, quanto a nós, foi a promessa de uma abordagem pacífica das manifestações ao convidar os quatro candidatos presidenciais à mesa para um debate à busca de saídas para a estabilização do país.

Entretanto, no derradeiro jogo diante da Guiné-Bissau, os “Mambas” confirmaram, na terça-feira, a esperada qualificação para a fase final do CAN de Marrocos, gerando os mais variados sentimentos e comoções, desde logo o sabor a desforra de um empate em Março de 2019, precisamente diante dos “Djurtus”, que nos afastou da edição do Egipto; até à indisfarçável acidez do seleccionador guineense, Luís Boa Morte, que se recusou a felicitar o seu colega de profissão, Chiquinho Conde.

Mas, mais do que garantir uma qualificação para o CAN de 2025, os “Mambas” voltam de Bissau com um oásis emocional para amortecer a tensão do tecido social moçambicano, gerada precisamente neste período pós-eleitoral, ou não fosse o futebol o verdadeiro “ópio do povo”, e nem fosse o futebol o elemento que aglutina génios desavindos.

Segunda consecutiva e a sexta da história de Moçambique, esta qualificação é o cúmulo de uma animada disputa no Grupo “I”, do qual também faziam parte Mali, Guiné-Bissau e o vizinho Eswatini, tendo ficado comprovada a paridade do valor da nossa selecção com o melhor do que se pratica em África, uma mescla de jogadores temperados entre os que disputam o Moçambola e outros que, na sua maioria, actuam nos vários campeonatos pelo mundo.

Para lá da concretização e do feito de pertencer às 24 melhores selecções africanas que vão desfilar no Reino do Marrocos, os “Mambas” transformaram em substância as ideias-chave do seu seleccionador nacional que defende uma participação reiterada e ininterrupta de Moçambique nas principais provas continentais da modalidade rainha.

Depois de passarmos à fase de grupos de um CHAN, de dois empates impostos ao Egipto e ao Gana no CAN da Costa do Marfim e de uma segunda qualificação consecutiva para uma fase final da maior festa do futebol de África, não só deixa de fazer sentido uma discussão sobre a renovação do seleccionador nacional – como aquela que se arrastou até Julho – como agora se justifica maior envolvimento em torno dos “Mambas”, certamente que mais do índole económico e logístico.

Com este patamar consolidado, o seguinte começa já agora, com a preparação do CAN de Marrocos, que se espera melhor que o da Costa do Marfim.
Vamos a isso?

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