Quinta-feira, 5 Dezembro, 2024
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EDITORIAL

Por Jornal Notícias
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O ENCONTRO realizado, esta semana, entre o Chefe do Estado, Filipe Nyusi, e três dos quatro candidatos presidenciais, é um ponto de partida na busca de soluções pacíficas para a superação da crise pós-eleitoral que ameaça dilacerar a já frágil economia de Moçambique e também das famílias, muitas das quais dependem de pequenos negócios para colocarem o pão na mesa.

Estiveram presentes no encontro, para além do Chefe do Estado, os candidatos Daniel Chapo (Frelimo), Ossufo Momade (Renamo) e Lutero Simango (MDM). Venâncio Mondlane, suportado pelo Podemos, não esteve na reunião por razões não apresentadas naquele fórum.

Aliás, a ausência de Venâncio Mondlane fez com que o encontro não prosseguisse, com dois candidatos presidenciais a argumentaram que ele é a peça-chave do diálogo que se pretende, por ser o mentor das manifestações que têm lugar no país, há algumas semanas.

Mas, seja como for, entendemos que era preciso começar de algum ponto. Neste contexto, é de acolher o gesto do Presidente da República de enveredar pelo diálogo num contexto de manifestações que muitas vezes culminam com a destruição de bens e bloqueio de vias à circulação, com o risco de desembocar na escassez e subida de preços dos bens essenciais.

Tratando-se do primeiro contacto formal entre as partes, não era de se esperar grandes debates à volta do tema controvertido, até porque, como explicou o Chefe do Estado, a ideia era através desta reunião definirem-se pontos concretos de agenda e respectiva cronologia de debate o mais rápido possível, porque diariamente o nível de violência e a intolerância política vão subindo de tom.

Longe de pretender avançar para teorias de conspiração, o facto é que tal como acontece em qualquer negociação, no caso vertente, os participantes devem saber gerir as suas expectativas, cientes de que nem tudo o que levam à mesa de debate será alcançado. 

Por outras palavras, embora as manifestações sejam baseadas numa alegada fraude eleitoral, algo que deve estar acima de tudo é a necessidade de estabilização e paz duradouras em Moçambique. Quer dizer, os interesses politico-partidários não devem prevalecer sobre o interesse nacional.

Para nós, a necessidade do diálogo é tão premente numa altura em que os juízes do Conselho Constitucional queixam-se de estarem a ser alvos de ameaças de morte através de mensagens anónimas, algumas delas publicadas nas redes sociais, o que os pode desviar do foco temendo pela vida e integridade física. Ainda bem que a instituição veio dar garantias de estar a decidir com a responsabilidade que se espera dela, ou seja, com base na lei e nas provas reunidas, sem dar espaço a qualquer tipo de chantagem.

Concluindo, o Presidente da República deu o primeiro sinal, que pode ser uma oportunidade para que os interessados alinhem as suas preocupações, criando as bases para que o próximo Chefe do Estado encontre uma situação minimamente estável para prosseguir com o diálogo conducente à estabilização e prosperidade do país. Para isso demanda clareza do que todas as partes pretendem debater.

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