Quinta-feira, 12 Dezembro, 2024
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ESTACIONAMENTO IRREGULAR: A opção custo-benefício que desafia a gestão urbana

Por Leovigildo Cruz
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LEOVIGILDO DA CRUZ

A crescente demanda por espaços de estacionamento e as limitações do sistema rotativo gerido pela Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento (EMME) estão a forçar muitos condutores a adoptar alternativas irregulares de parqueamento, na cidade de Maputo.

As multas aplicadas para desencorajar tais práticas não se mostram  suficientes para desencorajar alguns automobilistas que frequentemente escolhem locais proibidos para estacionar ou então fazem-no de forma inadequada. Esse cenário reflecte a discrepância entre as necessidades da população e a capacidade das autoridades da cidade em regular o uso do espaço urbano.

De acordo com o Plano Director de Implementação Estratégica para o Sistema de Transportes Urbanos na Área Metropolitana de Maputo, o número de espaços de estacionamento disponíveis actualmente, que varia entre seis e sete mil, é de longe insuficiente para atender à demanda.

Mesmo num futuro em que o sistema de transporte público seja eficiente, com a introdução da ferrovia e do BRT até 2035, será necessário triplicar a capacidade para suprir os 25 mil espaços estimados como necessários.

No entanto, até lá, a cidade enfrenta o desafio de lidar com um aumento exponencial no número de veículos, que nos últimos dez anos cresceu em 200 mil unidades.

O problema agrava-se quando as multas aplicadas para estacionamento irregular  que variam de 1.000 a 1.750 Meticais não  servem para desestimular tal prática, mesmo num cenário em que existe uma alternativa mais viável que é o  estacionamento rotativo.

Muitos condutores preferem arriscar-se a pagar uma sanção esporádica a arcar com os custos regulares do sistema, cuja fiscalização, por vezes, apresenta lacunas. Essa escolha está intrinsecamente ligada à percepção de custo-benefício e à crença de que a probabilidade de serem multados é baixa.

Entretanto, para alguns, a questão vai para além do quesito finanças: a insuficiência de espaços regulamentados força os automobilistas a improvisar, ocupando passeios e zonas residenciais.

Assim, a relação custo-benefício é o principal motivador para o estacionamento irregular, mas outros factores, como a comodidade e a falta de fiscalização eficiente, também contribuem para o dilema. A pressão por soluções rápidas em uma cidade cuja infra-estruturas não acompanham o crescimento da frota motorizada é evidente e os condutores frequentemente optam pelo que é mais fácil e aparentemente económico no imediato.

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