Quarta-feira, 11 Dezembro, 2024
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Vamos parar com isto…

Por Jornal Notícias
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Siyaphila Kakhulu*

NÃO quero aceitar, nem tão pouco, que estejamos perante um conflito urbano. Mesmo se entendendo que conflito urbano é todo e qualquer confronto ou litígio relativo à infra-estrutura, serviços ou condições de vida urbanas, que envolva pelo menos dois actores colectivos e/ou institucionais e se manifeste no espaço público (vias públicas).

Recuso-me porque os promotores da desordem que se verifica um pouco por todas as cidades e vilas do país justificam-na como protesto contra os resultados das eleições gerais de 9 de Outubro e que, segundo os números atempadamente avançados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) atribuem vitória ao Partido Frelimo e ao seu candidato presidencial, Daniel Chapo. Ora não é sobre isto que eu quero discutir. Até porque este assunto está presente em sede do Conselho Constitucional, órgão a quem compete validar e proclamar tais resultados.

Entendo, porém, que os conflitos urbanos podem ser sobre condições de vida, serviços ou infra-estrutura urbana. Estes conflitos podem se manifestar de diversas formas, nomeadamente movimentos sociais organizados, manifestações de multidões, acções colectivas na Justiça, abaixo-assinado e por aí em diante. Conflitos urbanos não apregoam a violência, à semelhança do que temos estado a assistir.

Roça a centena o número de pessoas mortas no decurso do pandemónio que agita o país desde meados de Outubro passado. Ultrapassa a centena o número de feridos na sequência dos tumultos. A isto se somam quilómetros de estradas destruídas; pontes e pontecas deitadas a baixo; vários edifícios, nomeadamente postos policiais ou esquadras, tribunais, sedes dos bairros e postos administrativos e também do partido Frelimo, estabelecimentos comerciais saqueados, viaturas incendiadas, entre outros actos. É bom lembrar que para além de toda esta vandalização, estes elementos invadiram um estabelecimento penitenciário libertando todos os detidos, alguns dos quais perigosos cadastrados. E neste acto misturam-se bens públicos e privados. Eu próprio fiquei com a carrinha danificada, quando numa dessas ocasiões caí nas malhas destes “fora da lei”.

Frustra-me, porém, assistir a toda esta destruição, muitas vezes, ante a presença das forças da lei e ordem. Não sendo especialista nesta matéria, jamais permitiria que todos estes bens fossem destruídos ou saqueados sem que as Forças de Defesa e Segurança reagissem para reprimir, sim, reprimir como deve ser a esses tais manifestantes. Aliás, nem sei se são de facto manifestantes que protestam contra os resultados eleitorais ou são desordeiros ou arruaceiros de barracas que pretendem confundir os seus protestos com o que se chamaria de conflito urbano.

Mas tudo bem! Seja o que for e como for, que prevaleça a paz e harmonia entre os moçambicanos.

O sábio da antiguidade Nicolau Maquiavel defende que um exército de ovelhas dirigido por um leão é mais assustador do que um exército de leões dirigido por uma ovelha. Onde estamos nós com estas manifestações dirigidas a partir de fora por um tal fulano? Tal fulano será ovelha ou leão? Eu também não sei.

*Observador atento

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