Domingo, 15 Dezembro, 2024
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EDITORIAL

Por Jornal Notícias
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A VIOLÊNCIA pós-eleitoral que tende a agudizar-se em vários pontos do país, de há um mês a esta parte, leva o cidadão ao desespero, não sabendo o que lhe vai acontecer no dia seguinte quer em termos de integridade física ou vida, quer em relação ao seu património.

Entretanto, a avaliar pelas intervenções do Chefe do Estado, parece haver uma luz no fundo do túnel para resolver a contenda que, para além de matar pessoas, incluindo agentes da Polícia, causa a destruição do tecido económico. 

Na verdade, nas três regiões do país, com epicentro na cidade e província de Maputo, assiste-se, impunemente, a actos atrozes como assassinatos, assaltos a unidades policiais e roubo de armas, saques a estabelecimentos comerciais, bloqueios de estradas ou coacção do cidadão para se “identificar” com determinada ideologia política.

Constitui circunstância agravante o facto de tais condutas serem presenciadas por crianças, o que prejudicará a formação da sua personalidade.

Sendo consensual que as manifestações pacíficas são uma das armas que o cidadão tem para demonstrar o seu desalento face às políticas públicas, admitamos, esta não é a forma acertada para exteriorizar tal descontentamento, sobretudo quando o exercício deste direito constitucional interfere na fruição de outros.

Dizemos isto porque há muita gente que fica impedida de aceder à assistência médica ou de proporcionar aos seus entes queridos um funeral condigno porque as estradas estão fechadas. Temos também situações de nubentes que se vêem obrigados a celebrar, às 5h30 da manhã, o casamento que muito tempo levaram a preparar ou dos crentes que não realizaram o culto dominical…

Entendemos que o Estado tem a responsabilidade de assegurar que o exercício do direito à manifestação aconteça num ambiente de segurança e tranquilidade. Assim, nada justifica que quem se manifesta opte por incentivar a vandalização e pilhagem.

Reconhecemos que a actuação da Polícia deve ser ponderada, assegurando um equilíbrio no sentido de evitar excessos, mas sem ser permissivo de mais sob pena de tirar autoridade ao Estado.

O impacto da violência irá, seguramente, empurrar mais moçambicanos para o desemprego e pobreza.

Não nos vamos referir às consequências da destruição de infra-estruturas; privação dos estudantes de realizarem exames finais; enfermeiros e médicos impedidos de assistirem aos pacientes; ou doentes crónicos que não podem aceder aos medicamentos.

O sector privado, por exemplo, estima um impacto negativo da paralisação de actividades em sectores altamente dependentes do fluxo diário de clientes e funcionários como comércio e serviços de reparação, transporte, hotéis, restaurantes, banca e outros serviços financeiros.

Outrossim, o Plano Económico e Social de 2024 previa um crescimento do Produto Interno Bruto de 5,5 por cento, todavia, a julgar pelas perdas de receita fiscal e fraca produtividade da economia, tal meta está fora do alcance.

Ademais, habitualmente o terceiro trimestre é mais intenso em termos de crescimento, impulsionado por factores sazonais como colheita agrícola e o aumento da actividade industrial.

Assim, os moçambicanos, incluindo actores políticos, têm a responsabilidade de promover a paz e concórdia entre compatriotas.

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