Opinião & Análise CÁ DA TERRA: Uma bonança bem antecipada Por Jornal Notícias Há 2 dias Criado por Jornal Notícias Há 2 dias 244 Visualizações Compartilhar 0FacebookTwitterPinterestEmail 244 PROSSEGUE o levantamento dos danos provocados pelo ciclone tropical Chido que tocou solo moçambicano ontem às seis horas, pelo distrito de Mecúfi, em Cabo Delgado, trazendo consigo ventos fortes e chuvas acima de 250 milímetros em um dia. As informações ainda eram escassas sobre o impacto, mas mais uma vez, centenas de famílias tiveram que buscar refúgio em locais seguros, sendo que a actividade de busca e salvamento deverá continuar, nos próximos dias, uma vez que o cenário aponta para possíveis inundações urbanas e/ou cheias com as contribuições a partir de países de montante, também afectadas pelo “Chido”. Para além de Moçambique, o “Chido” deverá afectar também o Malawi, Zimbabwe e Zâmbia com chuvas acima de 150 milímetros em dez dias. “Chido” é um nome feminino, proposto pelo Zimbabwe, constando da lista de ciclones tropicais como o terceiro sistema do género nesta temporada 2024/2025 no Sudoeste do Oceano Índico. É, por sinal, um ciclone madrugador para a lógica das últimas três temporadas em que tivemos que esperar até Janeiro para experimentar os primeiros impactos, facto que mostra que perante as mudanças climáticas, eventos deste tipo vão tender para um calendário cada vez mais apertado. Os meteorologistas previram no início do ano uma temporada de ciclones tropicais próxima ou acima do normal no Oceano Índico devendo ocorrer de nove a 13 sistemas (tempestades e ciclones), com quatro a sete deles a atingir a fase de ciclone tropical. Em média, ocorrem dez sistemas todos os anos, sendo, também em média, cinco destes ciclones tropicais. Antes do “Chido” já tivemos o “Ancha” e depois o “Bheki” que não chegaram a atingir o nosso país. Interessante que o Zimbabwe que propôs o nome deste ciclone tem uma atleta com o nome Chido Dzingirai, nascida em 1991, que jogou para o Cyclone Stars em 2008 e é assídua na selecção de futebol feminino do país. Pura coincidência, porque este sistema deve mesmo dissipar sobre este território. Normalmente, quando ouvimos falar de sistemas ciclónicos, associámo-los ao rastro de destruição que eles deixam na sua passagem. Mais do que danos, o “Chido” traz esperança para vastas áreas dilaceradas pelo “El Niño” na safra passada que agora já poderão lançar semente à terra para produzir alimentos. Os ciclones também trazem vida para o ecossistema, o que é crítico para a nossa sobrevivência. Face ao “El Niño”, barragens como Cahora Bassa, em Tete ou mesmo a de Nampula estavam em níveis críticos e já podem respirar de alívio porque vão ter com que satisfazer a demanda em tempos mais próximos. As restrições no abastecimento de água na cidade de Nampula, particularmente, não serão sentidas com a mesma dureza e poderemos caminhar, com algum fôlego, até à próxima época chuvosa. Os rios “engordaram” mais cedo do que o habitual, sinal de renovação do ciclo da vida e motivo de preocupação porque a fase crítica da época chuvosa (Janeiro a Março) poderá ser de cheias. Foi salutar notar que o sistema de aviso prévio funcionou a contento, resta avaliar se terá ajudado a minimizar mortes. Prever e fazer acompanhamento de sistemas como estes é ciência, como tem vindo a fazer o Instituto Nacional de Meteorologia que, inclusivamente, também difunde com recurso às redes sociais. O nosso sistema de aviso prévio evoluiu bastante, nos últimos anos, e se afigura credível por ser detido e manipulado por instituições e técnicos reputados. É preciso compreender que o país vai continuar a enfrentar sistemas deste tipo e o comando das autoridades deve ser a chave para prevenir tragédias. Temos que inovar também nas estratégias de lidar com fenómenos extremos, aperfeiçoando-as permanentemente e preparando as pessoas para a resposta. Uma previsão meteorológica correcta, informação sobre o risco e mensagens precisas sobre as acções a tomar, uma população educada e orientada para a prevenção de desastres, afiguram-se bastante relevantes antes e depois de um evento extremo. Mais do que tudo, também há que recuperar rapidamente para melhor aproveitamento da bonança que antecipadamente o “Chido” trouxe até as nossas paragens. Leia mais… Você pode gostar também DIGNIDADE E DIREITOS (192): Matrimónio tradicional, herança e a dignidade BELAS MEMÓRIAS: O tempo de dizer adeus MÉDIO ORIENTE: Hezbollah que Israel combate no Líbano CÁ DA TERRA: Nervos em ebulição CÁ DA TERRAOpinião & Análise Compartilhar 0 FacebookTwitterPinterestEmail Artigo anterior Líder do partido no poder na Coreia do Sul anuncia demissão Próxima artigo BELAS MEMÓRIAS: Fragilidades! 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