Quinta-feira, 26 Dezembro, 2024
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Trinta e três mortos na evasão de 1534 reclusos da Machava

Por Jornal Notícias
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TRINTA e três pessoas morreram e 15 ficaram feridas ontem, durante a evasão de 1534 reclusos do Estabelecimento Penitenciário de Maputo (antiga Cadeia Central da Machava), no município da Matola. O número junta-se a outros 21 mortos confirmados pela Polícia, entre segunda e terça-feira, nas manifestações violentas que se seguiram à validação e proclamação dos resultados eleitorais de 9 de Outubro.

Segundo o Comandante-geral da Polícia da República de Moçambique, Bernardino Rafael, que ontem a noite falava à imprensa, do total dos foragidos constam 29 reclusos que estavam a cumprir penas por cometimento de crimes de terrorismo.

A fonte disse que 150 prisioneiros foram recapturados e estão a ser devolvidos à cadeia, número que poderá vir a subir nos próximos dias, uma vez que trabalhos de busca pelas autoridades policiais continuam em curso na província e cidade de Maputo. Rafael explicou que a fuga dos reclusos foi forçada por um grupo de manifestantes que por volta das 13.00 horas se aproximou ao estabelecimento penitenciário exigindo a libertação dos prisioneiros, acto que gerou uma agitação no interior da cadeia e derrube da vedação que separa esta da prisão de máxima segurança (BO), propiciando a saída forçada de reclusos.

Neste contexto, o comandante-geral apela aos evadidos a se apresentarem às esquadras e a sociedade no geral a denunciar os foragidos nos seus bairros residenciais, como forma de evitar o recrudescimento da criminalidade nos próximos dias. “Imaginem a presença de 1534 criminosos que não terminaram o cumprimento das suas penas, nem tiveram tempo suficiente para a sua reabilitação. Isso vai aumentar o crime de assalto, violação sexual de mulheres, raptos e terrorismo. Este grupo não vai escolher as residências para atacar”, lamentou Bernardino Rafael.

Também disse não entender a intenção e razão dos manifestantes subversivos fazerem de tudo para libertar pessoas que estão em reclusão nas cadeias dos distritos da Manhiça (Maputo), Mabalane (Gaza) e na província da Zambézia. Explicou ainda que os manifestantes forçaram a saída de reclusos altamente perigosos, para além de que têm vindo a assaltar armazéns que já provocara várias mortes.

Entretanto garante que as Forças de Defesa e Segurança vão continuar a garantir o sossego, tranquilidade e ordem públicas. Apela à sociedade civil, Direitos Humanos, jornalistas, funcionários, advogados e sistema de Justiça a combater o aumento deliberado do crime no país.

Lamentou ainda o facto de haver uma tendência de destruição de subunidades da Polícia, onde normalmente o cidadão apresenta a denúncia de crimes. Entretanto, a Polícia confirmou a morte de 21 pessoas entre segunda e terça-feira durante as manifestações pós-eleitorais.

No mesmo período, outros 25 contraíram ferimentos, sendo 13 civis e doze membros da corporação que, na sua maioria, recebem tratamento em diversas unidades sanitárias, segundo o ministro do Interior, Pascoal Ronda, que falava à imprensa na terça-feira à noite para avaliar a situação de segurança no país.

Referiu que no período em alusão foram registados 236 actos de violência grave, em todo o país, tendo resultado, ainda, no incêndio de 25 viaturas e onze subunidades policiais e vandalização de um estabelecimento penitenciário e libertação de 86 reclusos.

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