Quarta-feira, 8 Janeiro, 2025
Início » DONOS DAS ROTAS: Um “Cartel” que enriquece às custas dos “chapeiros”

DONOS DAS ROTAS: Um “Cartel” que enriquece às custas dos “chapeiros”

Por Jornal Notícias
350 Visualizações

ELÍSIO MUCHANGA

OPERAR no transporte semi-colectivo de passageiros na região do Grande Maputo revela-se tarefa difícil, devido ao monopólio das rotas por várias associações criadas para “enriquecer” um grupo restrito às custas dos “chapa-cem”.

Ocorre que, para colocar uma viatura a transportar passageiros em qualquer corredor, para além das licenças emitidas pelo município, o proprietário deve pagar uma “joia” e alimentar diariamente um cartel disfarçado de associação de transportadores. Os valores pagos em taxas não chegam a beneficiar os associados, mas sim aos criadores das agremiações, conhecidos como “donos da rota”.

Estes valores variam de acordo com a rota na qual o transportador pretende operar e são desembolsados como condição para o início do exercício da actividade.

Nelson Muianga, transportador há mais de dez anos, relatou ao “Notícias” que os “donos das rotas” cobram valores aos proprietários de viaturas de transporte semi-colectivo de passageiros que pretendem operar numa determinada rota.

Refere que ninguém sabe qual é a finalidade do valor cobrado e, muitas vezes, não há sequer comprovativo do pagamento, sendo esta condição a que os transportadores devem se submeter.

Para além do pagamento da joia, os operadores submetem-se a outras taxas diárias pagas às associações, nas primeiras horas do dia.

Aliás, segundo a fonte, os líderes dos corredores chegam a acumular riquezas fruto destas cobranças, sem que os operadores saibam do destino que é dado ao valor.

ASSOCIAÇÕES ARRECADAM MILHÕES

O PAGAMENTO de taxas de circulação dos semi-colectivos às associações acontece em quase todas as rotas nas cidades de Maputo, Matola, Boane e Marracuene. O “Notícias” fez uma pequena ronda e aferiu “in-loco” o funcionamento do sector.

A rota Mahlampsene-Nkobe, por exemplo, tem cerca de 90 veículos semi-colectivos a pagarem 75 meticais por dia, cada, à associação. Se assumirmos que deste número, 20 viaturas podem não operar por dia, por razões de vária ordem e 70 conseguem se fazer à estrada, a agremiação arrecada cerca de 5.250 meticais/dia.

Com este montante, a cobrança mensal perfaz 157 mil e 1,8 milhão de meticais por ano, valor que, de acordo com os operadores, em nada ajuda aos associados.

Para além destas “singelas contribuições”, paga-se diariamente e a cada volta, 10 a 30 meticais aos angariadores de passageiros, os “modjeiros”.

Na rota Marracuene-Zimpeto paga-se 150 meticais, acrescidos de outros 30 por cada volta aos angariadores. No corredor Mahlampsene/Xipamanine são 50 meticais, na via Xipamanine-Manhiça 200 meticais, divididos em cem meticais por cada terminal.

Na carreira Lusalite-Cidade da Matola funcionam mais de 50 semi-colectivos que desembolsam, cada um, 40 meticais diários, sem que os chapeiros saibam da  finalidade deste valor, o mesmo que se paga nas rotas Museu/Baixa-Zimpeto e Fomento/Baixa.

Leia mais…

Artigos que também podes gostar