Terça-feira, 7 Janeiro, 2025
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REVERENDO ANASTÁCIO CHEMBEZE: O país deve investir numa governação humanizada

Por Jornal Notícias
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IVETH SITOE

O PAÍS acolheu a 9 de Outubro as eleições presidenciais, legislativas e das assembleias provinciais. Entretanto, desde o anúncio dos resultados, pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), decorrem manifestações violentas em repúdio dos mesmos e exige-se a reposição da verdade eleitoral. Neste contexto, vários actores ligados ao processo reafirmam os seus apelos ao diálogo como única solução para diferendos políticos e caminho para o restabelecimento da tranquilidade e segurança pública. O reverendo Anastácio Chembeze concedeu uma entrevista ao “Notícias” na qual fala sobre o actual ambiente político no país. Conhecedor dos processos eleitorais, defende um sistema eleitoral em que as autárquicas sejam acopladas às gerais, realizando-se, portanto, num único ciclo. Igualmente é pela integração do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) na Comissão Nacional de Eleições (CNE) para uma gestão processual mais eficiente. Defende que o país deve tomar a decisão de profissionalizar os órgãos eleitorais para evitar a desconfiança, ao mesmo tempo que chama atenção aos actores políticos para honrarem os compromissos que assumem com o seu eleitorado. Fala das manifestações violentas e da responsabilidade a assumir por quem as convoca e recorda que a solução está no diálogo que deve ser permanente e inclusivo. O especialista em Teologia, Paz, Liderança e Governação fala ainda sobre os desafios que Moçambique tem neste campo eleitoral e a sua pertinência para resgatar uma sociedade modesta com dirigentes exemplares.

NOTÍCIAS (Not): Como é que o Reverendo olha para os processos eleitorais no país?

Anastácio Chembeze (AC): Primeiro devemos entender como é que funcionam os ciclos eleitorais no país, que são uma ferramenta crucial na preparação de todo o processo político. E o ciclo eleitoral começa imediatamente a seguir à tomada de posse dos órgãos eleitos. Por exemplo, quando o Presidente da República, os deputados e os membros das assembleias provinciais e governadores tomam posse, inicia um novo ciclo eleitoral para preparar os próximos pleitos. O que acontece é que muitos actores políticos não têm o domínio dos ciclos eleitorais e iniciam a sua participação quase no fim deste processo, que é a sua inscrição na CNE, participação na campanha e votação. E também temos uma realidade eleitoral muito desfasada, que, na minha opinião, é perturbadora…

Not: Por quê perturbadora?

AC: Porque em dois anos seguintes temos dois processos de votação: autarquias e gerais. Isso não podia acontecer.

Not: Então, como é que os processos eleitorais deveriam funcionar?

Foto: S. Manjate

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