REFLEXÕES DA MUVALINDA: Porquê não bebes?!

O TÍTULO de hoje: “Porquê não bebes?!” é a pergunta mais recorrente que escuto sempre que estou em convívios com familiares, amigos e conhecidos e me recuso a consumir álcool. E foi uma das perguntas mais recorrentes na última quadra festiva. Parece que não consumir álcool tornou-se uma anormalidade e é inconcebível para as pessoas à sua volta e elas têm muitas perguntas que vão desde: estás a medicar?! Estás grávida?! Até és muito religiosa?! Tua igreja não permite?! Outros vão além e dizem: prova lá um pouco esta, não amarga é bem doce.

Toda gente acha que se deve ter uma boa explicação para não se consumir bebidas alcoólicas, pois diante de tanta oferta no mercado há gostos para tudo e todos, daí não se justificar o não consumo de álcool.

Creio que muitos que escolheram não consumir álcool deparam-se com esta situação super embaraçosa tal como eu. Outrossim, que já bebem e decidem não beber em um convívio ou mesmo parar de beber também sofrem pressão e julgamentos.

E as perguntas que eu me faço são: Quando é que não beber se tornou algo extremista?! Porque é que as pessoas perdem a noção dos efeitos nefastos que advêm do consumo de álcool? Como beber álcool tornou-se tão normal e “obrigatório”?!

No meio de tudo isso há quem te olha de forma especial por resistires à pressão social de consumir bebidas alcoólicas, outros te apelidam de matreca ou santa e querem de ti distância, pois, em suas mentes julgam que não dá para confiar em quem não consome bebidas alcoólicas.

Do jeito que andam as coisas, com a ascensão dos cigarros electrónicos e várias opções para o fumo, estaremos a receber as mesmas perguntas, reacções e pressões quando dissermos que não fumamos. E com muita tristeza sei que há sociedades e grupos onde fumar é sofisticado e não sufocante que já estão neste nível de questionamentos.

Para mim, como profissional de saúde mental, é triste ver que pelo facto do álcool ser uma droga lícita as pessoas pensem que a mesma é inofensiva e até incentivam as crianças e adolescentes a consumirem alegando que é para ficarem espertos.

Até quando o álcool será uma droga tolerada e muitíssimo promovida em todas as plataformas de média e quase nada se fala sobre os seus efeitos nefastos à saúde e todos outros problemas associados ao seu consumo?!

As indústrias limitam-se em dizer beba com moderação, se beber não conduza. Em contrapartida investem no marketing e publicidade de forma exaustiva que passa em todos os espaços da nossa vida. Algo deve ser feito para mudar este cenário.

O livro da vida, a bíblia sagrada, nos alerta em Provérbios 20:1: “O vinho é escarnecedor, a bebida forte é alvoroçadora; todo aquele que por eles errar nunca será sábio.” Esse versículo alerta-nos sobre os perigos do consumo excessivo de álcool e a importância de manter a sabedoria.

*Psicóloga e Activista Social

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