Sexta-feira, 21 Fevereiro, 2025
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Uma palavra aos meus representantes na AR

Por Jornal Notícias
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Aparício Do Nascimento A. José

TOMARAM posse ontem, 13 de Janeiro de 2025, na Assembleia da República, os meus representantes – deputados. Aqueles que voluntária e livremente escolhi no dia 9 de Outubro de 2024 para uma nobre tarefa representativa para os próximos cinco anos.

É um facto! Alguns os escolhi às cegas, porque nem os conheço e com a possibilidade de em definitivo não os conhecer, pois basta tomarem a posse andarão em outras “Galáxias”.

Para o trabalho que os confiei – de dizer, discutir, decidir e lutar sobre aquilo que eu passo no quotidiano e o que preciso para viver minimamente como pessoa, muitos estarão nem aí. Parabéns, escolhi-lhes sem ter lhes escolhido.

A si meu deputado, a Assembleia da República é minha, sua e nossa casa. É a casa do povo onde a principal tarefa é procurar soluções dos problemas através do poder legislativo. Não é lugar de ir comer, beber, dançar e depois dormir. É casa de um grande trabalho sacrificado em prol do povo e do futuro da Pátria.

Meus deputados, antes de tomarem qualquer decisão lembrem-se destas palavras de saudoso Presidente Samora Machel:

“Não há lugar para exploradores aqui. Preto ou branco não pode explorar o povo. O dever de cada um de nós é de dar tudo ao povo, sermos os últimos quando se trata de benefícios e os primeiros quando se trata de sacrifícios. Isso é que é servir o povo”.  Aqui, com estas palavras, o Presidente Samora Machel exige que o bem-estar do povo seja a principal preocupação para aqueles que para ele trabalha, em especial a si meu deputado.

A sociedade moçambicana tem tudo para ser rica. Para mim, uma sociedade rica não é aquela que tem seus membros ricos, mas aquela que tem menos problemas sociais.

Ter menos problemas sociais significa ter serviços básicos de qualidade e acessíveis a todos. Ter um posto de saúde com técnicos e medicamentos disponíveis; ter uma via de acesso que permita chegar  a esse hospital com alguma normalidade; ter uma escola condigna para que os futuros quadros deste país sejam formados como deve ser; viver num ambiente de tranquilidade sem que tenha medo de circular, ser assistido pelos profissionais de diversas áreas competentes e altamente comprometidos com o bem-estar do cidadão. Enfim, uma sociedade rica é aquela onde qualquer ser humano ousa viver.

Meus deputados, na vossa tarefa de fiscalização das actividades do Governo não “fechem os olhos” a esses aspectos que na prática são a verdadeira natureza de viver. Lutem para que ao fim dos cinco anos sejam lembrados como verdadeiros heróis, através do vosso sentido de compromisso de levar o que realmente dói ao povo para discutir com responsabilidade.

Dizem que o povo é criança. Na verdade é criança, porque nem precisa muito para se sentir bem representado ou bem governado. 

Meus deputados, vão à casa do povo carregando nos vossos corações aquele pacato moçambicano que durante a campanha eleitoral foram pedir voto lá nos confins desta pátria. Lá onde um simples carro é visto uma vez ao mês ou mais tempo que isso. Lá onde a energia eléctrica é algo impensável, onde água pura é a do rio, cartada numa autêntica briga com os outros animais. Lá onde um dirigente termina o seu mandato sem nunca ter chegado. Enfim, lá onde o verdadeiro país inicia.

Pecar não é apenas dizer “Não a Deus”, pecar é também prometer fazer algo e voluntariamente escolher não fazer. Não se transformem em novos pecadores. Ajudem-nos a “lavar a cara” deste Moçambique que, com tanta riqueza, continua como está – a dar um passo para frente ou se calhar tantos outros para trás.

Que Deus ajude esses deputados a serem verdadeiros representantes do povo moçambicano!

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