EXTENSIONISTAS agrários contratados para assistir produtores no quadro do programa SUSTENTA, na província de Maputo, suspenderam ontem as actividades e foram parar defronte do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MADER) para reivindicar salários atrasados há três meses.
Sem vencimentos, num momento em que o país ressente-se dos efeitos das manifestações pós-eleitorais, mormente, aumento do preço de bens e serviços aliado ao período de preparação do ano lectivo, que implica despesas com matrículas e até com o arrendamento de casas, os técnicos vêem neste protesto uma forma de pressionar a entidade a pagar o que lhes é supostamente devido.
Em anonimato, um extensionista afecto ao distrito da Manhiça referiu que desde há quatro anos, quando iniciou o projecto, nunca lhe foram pagos salários regularmente, tendo chegado a trabalhar sete meses sem remuneração.
Acrescentou que, para sobreviver, recorria a “agiotas” e que mesmo depois de o salário ser pago teve dificuldades de geri-lo, por causa das dívidas contraídas com juros avultados.
Um outro técnico, afecto em Marracuene, afirmou que já foram realizados vários encontros a nível distrital e provincial, debalde. Assim, acabaram indo ao MADER na semana passada. Entretanto, porque não viram a cor do salário, decidiram retornar ontem.
Face a esta situação, disse que os técnicos preferem poupar os recursos que têm para sustentar as suas famílias.
Os grevistas alegam que continuarão a reivindicar até que vejam o dinheiro nas suas contas e acrescentam estarem desiludidos e indispostos a trabalhar até Abril, mês em que finda o contrato com o MADER.
A estas preocupações, a secretária permanente do MADER, Dárcia Nhancale, disse à imprensa que já foram efectuados os procedimentos para o pagamento dos salários, porém o país ficou paralisado por causa das manifestações pós-eleitorais.
“Estamos em contacto quase diário com o Ministério da Economia e Finanças, mas não se sabe quando este valor chegará à conta dos funcionários”, disse.
Aliás, reconheceu que o Estado tem tido dificuldades para efectuar o pagamento regular do vencimento destes funcionários do MADER, não só em Maputo, como também em outras províncias.
Foto: F. Matsinhe