Chuvas testam resiliência da cidade

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A CIDADE da Beira foi fustigada, nos últimos três dias, por intensas chuvas que, a despeito dos alertas emitidos pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INAM), apanharam muito boa gente “com as calças nas mãos”. Choveu muito a ponto de casas, ruas e mesmo as valas de drenagem, sobretudo no interior dos bairros, não resistirem à avalanche da água fora do habitual.

Aliás, ao longo da semana passada, o INAM alertou sobre a ocorrência de uma depressão tropical que poderia influenciar o estado do tempo com chuvas acompanhadas de trovoadas e ventos fortes.

O meteorologista Manuel Francisco falou de chuvas com tendência para acima do normal, com riscos de queda de precipitação equivalente a um mês. E estava certo. Choveu bastante.

Na ronda que o “Notícias” fez por alguns bairros circunvizinhos da cidade de cimento, constatou que o cenário denuncia fragilidades estruturais e sociais que devem preocupar as autoridades municipais.

Ruas dos bairros Vaz, Ndunda, Six Mile, Macurungo, Esturro, Chingussura, Munhava Manganhe e Chota transformaram-se em “riachos” e, nalgumas zonas, as águas invadiram e alagaram algumas residências, adivinhando-se dias difíceis para os seus ocupantes. 

Os residentes da periferia da cidade queixam-se das vias que ligam os bairros ao centro da cidade, mas também das do interior, algumas das quais se encontram intransitáveis devido às águas paradas. Falam também da necessidade de construir mais valas para o escoamento das águas.

No entanto, o céu de facto está carregado e a previsão aponta para mais chuvas nos próximos dias, o que poderá agravar o cenário.

Algumas famílias afectadas em diferentes bairros dizem que a situação é praticamente a mesma sempre que há chuvas intensas. Contaram que há pessoas que passaram a noite sem dormir de sexta-feira para domingo, devido à água que invadiu as suas residências.

Caso continue a chover como indicam as previsões meteorológicas, a situação pode-se agravar forçando os residentes a abandonarem as suas casas.

José Francisco, morador do bairro de Manganhe, contou que a situação está péssima porque a água entrou dentro da sua casa, à semelhança do que se regista na vizinhança.

“Choveu muito. A nossa zona é baixa e há problemas de valas de drenagem não só aqui, mas também noutros bairros. Os moradores fazem esforço para abrir valetas, o que é insuficiente para resolver o problema das inundações”, disse.

Por sua vez, Rosa António, residente na zona de Manga Mungassa, contou que a água entrou dentro da sua casa e chega aos joelhos.

“A situação é crítica. Fomos obrigados a colocar algumas coisas por cima da mesa, para que não sejam arrastadas pelas águas que, como não têm por onde escapar, teremos de viver muitas semanas com o problema”, lamentou.  

Por seu turno, o secretário da unidade “B”, no bairro Ndunda-1, José Magimba, disse que aquela área sofre sempre que o rio Pungué transborda.

“Em alguns locais havia valas, mas com o crescimento da população construiu-se por cima da drenagem. Reconhecemos que o município está a trabalhar, mesmo assim pedimos que tome em atenção a nossa situação”, pediu.     

Acrescentou ter conhecimento que o município vai construir uma vala de drenagem para minimizar o sofrimento que muitas famílias passam quando chega a época chuvosa.

Judite Massada, do bairro do Vaz, disse que desde sexta-feira que passa mal as noites devido à chuva que entra pelo tecto e porta. “Dormimos mal sempre que chove torrencialmente. O problema é antigo. Pedimos apoio porque não fomos nós que construímos prédios nas valas de drenagem… o município tem informação sobre isso, mas nada faz”, apontou.

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