Primeiro PlanoRecreio e Divulgação ESCRITOR BENTO BALOI: Algo mais precisa de ser feito em prol do livro Por Gil Filipe Há 4 dias Criado por Gil Filipe Há 4 dias 299 Visualizações Compartilhar 0FacebookTwitterPinterestEmail 299 GIL FILIPE Em Moçambique a leitura como um hábito tem estado envolta em debates e percepções muitas vezes relegadas a plano terciário, portanto nada consentâneo com a sua importância de motora da formação intelectual e cultural dos cidadãos. O escritor Bento Baloi é dos que vive essa freima, partilhando uma preocupação a que, aparentemente, o país tem estado a fazer orelhas moucas. Nesta entrevista, cujo pretexto foi a edição do seu mais recente romance, “Chave de Areia”, de finais de 2024, o autor afirma ser abominável que haja no país estudantes do nível secundário ou mesmo graduados do Ensino Superior que nunca leram um único livro… É, por isso, na perspectiva do também autor de “Recados da Alma”, “No Verso da Cicatriz” e “Arca de Não É”, responsabilidade colectiva resgatar uma normalidade que se foi perdendo para “futilidades”. O Estado e a indústria livreira são, assim, chamados a desempenhar os seus papéis na massificação do livro e da leitura. Ainda que com uma dose de realismo, porque desafiante, Baloi concorda com a necessidade de adopção de um plano nacional de leitura no ensino, pois se deve “começar de algum sítio”. Eis os trechos mais significativos da conversa com o escritor: NOTÍCIAS (Not.): A sua carreira está, por assim dizer, no começo, se quisermos falar de carreira de um escritor. Publica desde 2016 e já vai no quarto livro, o mais recente dos quais “Chave de Areia”. Vemos nas suas obras uma imersão constante aos primeiros anos da independência. É uma coincidência ou uma escolha? BENTO BALOI (BB): Eu inspirei-me um pouco na nossa história, procurando trazer algumas vivências que tive na infância, que foi feita nos primeiros anos da independência. Nos meus três romances, os dois anteriores focam também o mesmo período histórico e há muita coisa que faz parte da nossa história que se está a perder. Há coisas importantes que é preciso trazê-las para que as novas gerações, sobretudo os nascidos dos anos 1990 para cá, percebam de onde a gente vem. É por isso que no primeiro romance (“Recados da Alma”) centrei-me muito na história do período de transição para a independência. Mas eu centrei-me muito nalguns factos. E “No Verso da Cicatriz” foi mais profundo em fenómenos sociais (e políticos) importantes que aconteceram também pouco depois da independência, como por exemplo a deportação (desterro) das testemunhas de Jeová até chegarmos à guerra dos 16 anos, etc., que são matérias que acho que é bom que os jovens conheçam. Mas em toda a nossa história há mistérios por esclarecer. Um deles, e mais importante, no pós-independência, é a morte do Presidente Samora Machel. Quis dar a minha contribuição porque sinto que passados estes anos todos o que sobrou em nós é que cada vez que se assinala o 19 de Outubro só ouvimos “que se retome a investigação”, que se retome isto, que se retome aquilo… Mas muitos de nós falamos sem muita base. O que procuro é trazer a debate algumas coisas que já existem, da tal investigação… Not.: … fala de dados do relatório da Comissão Margo, contestado pelas autoridades moçambicanas e soviéticas (o Tupolev era de fabrico soviético e os pilotos também da antiga URSS)?… BB: … sim, há coisas que já existem e que não são de conhecimento da maior parte das pessoas. Procuro trazê-las para ver se todos nós estamos no mesmo nível de análise e de apreciação. Not.: Ao trazer para este romance a morte de Samora na forma como o fez a intenção é unicamente levar o assunto a debate ou instigar que se levantem mais pontas de véus deste que, como disse, é um mistério na história recente de Moçambique? Foto: I. Pereira Leia mais… Você pode gostar também Pedro Pereira Lopes vence Prémio Nacional de Literatura Infanto-Juvenil Governo aprova novo regulamento do cinema Mulheres ganham renda com reciclagem de lixo “Vanessa” roda hoje no Scala BENTO BALOIESCRITOR Compartilhar 0 FacebookTwitterPinterestEmail Artigo anterior EMOSE em Reunião Nacional Próxima artigo INUNDAÇÕES URBANAS: Bairros novos e antigos vivem o mesmo drama Artigos que também podes gostar LICHINGA: Roubos lesam EDM em 84 milhões de meticais Há 15 horas Promotores de eventos desafiados a investigar raizes da arte e cultura moçambicana Há 1 dia Empossado presidente da Associação de promotores de eventos Há 1 dia Bob Marley lembrado em exposição pelos 80 anos Há 2 dias Aquacultura está a reduzir pressão sobre recursos marinhos Há 2 semanas Olhar Artístico lança mais 30 formados Há 2 semanas