Terça-feira, 18 Fevereiro, 2025
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População invade mina de turmalina em Manica

Por Jornal Notícias
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BERNARDO JEQUETE

A POPULAÇÃO de Nhampassa, no distrito de Báruè, em Manica, invadiu e explora uma mina de turmalina, alegando incumprimento das promessas de responsabilidade social pela empresa concessionária, a Sominha, Lda.

A invasão acontece há três meses, com a população a acusar o empresário Nadat que, desde 2007, vinha explorando turmalina de não honrar os acordos com a população aquando da concessão da mina.

Quando a mina foi concessionada, a empresa comprometeu-se em construir anualmente dez casas para a população, mais uma escola secundária, hospital, reabilitar a estrada principal, abrir furos de água e comprar uma ambulância.

Entretanto, volvidos 18 anos, foram edificadas apenas seis habitações, ainda na fase de acabamentos levando ao descontentamento da população, que decidiu invadir a mina e explorar os recursos existentes.

Na sequência, a administração distrital de Báruè emitiu um comunicado no qual ordenava ao abandono imediato da mina, mas a decisão não foi acatada pela população.

Matias Meneses, um dos representantes da população, manifestou o descontentamento com o empresário, que na sua opinião seduziu a população e as autoridades locais ao fazer promessas que não chegou a cumprir.

Explicou que a invasão visa reivindicar direitos não cumpridos por mais de 18 anos. Estamos aqui a explorar nossos próprios recursos porque o empresário não fez nada por nós”, afirmou.

Meneses mostrou-se agastado com aquilo que considera de indiferença da empresa  problemas sociais enfrentados pelos residentes de Nhampassa e que nada fez durante este período, para além de pilhar os recursos de que o posto administrativo dispõe.

Bernardo Tempo, outro representante, sugeriu a criação de uma associação para gerir a mina e os recursos de forma autónoma. Tempo apelou ao governo para intervir e buscar uma solução pacífica.

“Pedimos que o governo nos ajude a resolver este conflito, sem recurso à força policial”, disse.

David Franque, administrador de Báruè, reconhece que a empresa não cumpriu as suas obrigações de responsabilidade social e afirma que “a população invadiu a mina no período das manifestações pós-eleitorais e, na altura, não havia condições para negociação. O empresário não está a implementar acções que beneficiem a comunidade”, declarou.

O responsável manifestou preocupação em relação à exploração desordenada de recursos que, embora compreensível, devido ao descaso da empresa, levanta problemas de sustentabilidade e a segurança dos garimpeiros.

Segundo Franque, o conflito instalado entre a população de Nhampassa e a Sominha ,Lda. revela falhas na implementação das acções de responsabilidade social e a não se resolver, pode agravar-se, gerando consequências adversas para ambos os lados.

Para além de turmalina, a mina também contém quartzo, mineral crucial para a indústria óptica, electrónica e de instrumentação.

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