Segunda-feira, 3 Março, 2025
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Lanterna ilumina sonhos de crianças e adolescentes

Por Jornal Notícias
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NÁGEL MUNGOI

A CIDADE de Maputo acolheu na semana passada a VI Edição do Festival Poetas D’Alma. O primeiro dos seus eventos foi um sarau cultural dedicado ao público infanto-juvenil, como forma de influenciar os petizes e seus encarregados a cultivarem o espírito de consumo da arte educativa.

Intitulado “Lanterna dos Sonhos”, as apresentações centraram-se na promoção dos direitos das crianças e da importância do entretenimento adequado às suas idades. Serviram também como manifestos para a realização de iniciativas do género a nível nacional.

Realizada na Fundação Fernando Leite Couto (FFLC), a festa dos petizes incluiu espectáculos musicais, dança e magia, declamação de poesia, pintura, declamação de poemas e outras actividades artístico-culturais programadas para permiti-los posicionarem-se na sociedade de maneira elegante e intelectual.

Mais do que integrar actuações de artistas como o músico Frenando Luís, o ilusionista Magico Pier e outras figuras reconhecidas no cenário artístico nacional, o sarau contou com apresentações de adolescentes e jovens emergentes.

Os temas destacaram o papel fundamental da arte no desenvolvimento infantil e a sua presença no quotidiano das crianças como essencial para que elas se expressem, se conectem com o mundo e desenvolvam habilidades cognitivas e emocionais.

Uma das actuações foi de Rindzela Novela, pianista e cantora de 15 anos. A artista usou o palco do FFLC para interpretar êxitos musicais moçambicanos, sul-africanos e de outras partes do mundo.

Novela olha para a iniciativa como oportunidade dada às crianças e adolescentes para mostrarem as suas valências e inspirar os outros.

“Um ambiente onde o adolescente pode expressar a sua criatividade, aprender e divertir-se através de diferentes manifestações culturais é crucial, no entanto é uma honra actuar nesta celebração infanto-juvenil”, afirmou.

Na sua primeira participação no festival, Rindzela aceitou o desafio de ensinar os jovens das comunidades vulneráveis, visto que muitos não têm acesso à educação formal em música, como ela teve.

Retrato imaginário do futuro

A PROGRAMAÇÃO de “Lanternas dos Sonhos” levou duas horas e durante este tempo Charlene Sibia, artista plástica de 17 anos, pintou um quadro representativo do objectivo do sarau cultural, construir uma visão do mundo mais criativo para as crianças e adolescentes.

O retrato centra-se no rosto de um adolescente e faz referência a um momento de imaginação e reflexão sobre os planos e objectivos de vida num tom castanho que simboliza a consciência e responsabilidade.

A pintura expressa o conceito artístico de Charlene, que é a centralidade nas perspectivas futuristas das crianças em tons suaves aliados a natureza.

“Eu senti-me muito bem, porque houve contacto com as pessoas e muito apoio, isso fez com que a pintura fosse tranquila e agradável”, referiu Charlene Sibia.

Para a pintora emergente, a arte é parte dos primeiros momentos de um indivíduo, então o seu consumo deve estar assente desde a infância como forma de entretimento, educação ou expressão de sentimentos.

“Eu acredito que as crianças são muito talentosas e todas têm algo para mostrar e expressar. Se existirem mais eventos específicos para o público infantil, mais incentivadas se sentirão para criar”, defendeu.  

Charlene Sibia apresentou a sua primeira exposição individual em 2023, intitulada “Céus”, na cidade de Maputo, no âmbito da celebração do Dia Internacional da Criança, comemorado a 1 de Junho.

Caracterizou a mostra como “um convite para que as crianças explorem a imaginação, criatividade e se aproximem da arte de uma forma lúdica e divertida”. Além disso, é uma oportunidade para que os adultos também se encantem com as obras e voltem à infância por alguns instantes.

Mais eventos do género

OS artistas que participaram no sarau cultural deixaram uma mensagem de apelo aos promotores de eventos, centros culturais e instâncias públicas e privadas ligadas às artes para promoverem iniciativas de entretenimento infanto-juvenis.

O manifesto é sustentado pela percepção dos produtos artísticos como estimuladores da mente e elementos importantes para o desenvolvimento físico e motor. Além disso, as experiências artísticas reforçam o aprendizado de conceitos.

Segundo o músico Fernando Luís, integrar programações infanto-juvenis nas agendas das casas culturais é importante para a formação dos petizes.

“É preciso deixar na memória das crianças momentos culturais, partilhando com os pais e encarregados de educação. Sendo assim, deve-se apostar na realização de iniciativas do género”, afirmou.

Na perspectiva do ilusionista Magico Pier, o consumo de produtos artísticos é uma forma das crianças entrarem em contacto com diferentes culturas e perspectivas, contribuindo para a formação de uma visão mais ampla e respeitosa do mundo.

Por sua vez, Charlene Sibia sustenta a importância da actuação de adolescentes e jovens neste tipo de evento, visto que maior parte deles tem adultos como figuras de cartaz. “Mais do que entretê-los, é preciso garantir que eles estejam nos palcos para apresentar os talentos”.  

Fotos: Pl’Arte D’Alma

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