Quinta-feira, 10 Abril, 2025
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Imposição de tarifa ameaça distribuição de água no país

Por Jornal Notícias
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Fornecedores privados de água alertam para o risco eminente de colapso do sector, devido à imposição de preços insustentáveis e recusa de pagamento por parte de muitos consumidores, que alegam estar a cumprir orientações para a redução da tabela.

Trata-se de um cenário que afecta, de alguma forma, também o sector público de abastecimento de água nos últimos dias, onde muitos consumidores, alegando falhas nas leituras, se recusam a pagar as facturas, o que pode tornar inviável a manutenção da rede de fornecimento, afectando, desta forma, o saneamento do meio e a saúde humana.

O alerta foi dado, recentemente, por Paulino Cossa, presidente da Federação das Associações de Fornecedores de Água de Moçambique, durante um evento organizado pela Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), durante o qual apresentou uma visão geral de como o sector está a ficar afectado pelo comportamento de alguns consumidores.

Na ocasião, Paulino Cossa disse que a incitação ao não pagamento tem causado avultados prejuízos, sobretudo para os operadores privados, que enfrentam dificuldades para manter a actividade, devido à inadimplência de uma parte significativa dos consumidores domésticos.

Cossa denunciou ainda que desde Outubro do ano passado indivíduos alheios à regulação do sector têm vindo a visitar sistemas privados de abastecimento, impondo tarifas significativamente baixas para sustentar as despesas de captação, armazenamento, tratamento e distribuição da água, situação que, conforme explicou, agrava a insustentabilidade do serviço.

Para ilustrar os custos inerentes ao sector, Paulino Cossa referiu que pelo menos 60 por cento da receita gerada por pequenas ou médias empresas é destinada ao pagamento das despesas de consumo de corrente eléctrica, ficando o montante remanescente reservado essencialmente para a folha salarial.

Afirmou que maior parte dos consumidores deixou de pagar as facturas de água, alegadamente em obediência a uma orientação dada pelo ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane para redução geral de preços.

“Não nos admiremos se, dentro de poucos dias, o sector colapsar ou virmos a capacidade actual de fornecimento ininterrupto de 24 horas a ser reduzida para apenas três ou quatro horas”, alertou o presidente da associação.

Cossa terminou apelando a um maior empenho de todas as partes envolvidas no diálogo de modo a travar esta desestruturação do sector de água, sublinhando a necessidade de uma intervenção mais activa do Governo enquanto garante da estabilidade e do regular funcionamento do serviço, como forma de evitar males maiores.

Em Moçambique, o sector privado de fornecimento de água serve maioritariamente as zonas suburbanas e rurais.

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