Sexta-feira, 21 Março, 2025
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“NA LENTE DELAS”, DE DENISE FAZENDA: Amor como uma fonte de resistência

Por Jornal Notícias
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A MULHER, o centro das atenções da autora moçambicana Denise Fazenda em “Na Lente Delas”, livro que marca a sua estreia literária. A obra divaga, neste sentido, em questões como o feminismo, liberdade e luta pela igualdade de género.

Segundo a autora, tal acontece através de versos baseados na realidade vivida pelas mulheres, sobretudo moçambicanas, e as barreiras sociais que ainda persistem.

Falando aquando do lançamento de “Na Lente Delas”, na quarta-feira, na Fundação Fernando Leite Couto, na cidade de Maputo, Denise Fazenda falou do feminismo como um dos temas centrais do livro.

Para ela, o feminismo não deve ser reduzido a um estereótipo ou a uma ideia fixa, mas deve ser entendido como a busca pela liberdade e pelo respeito, permitindo que cada mulher decida o seu próprio caminho no ambiente doméstico e profissional.

Referiu que o verdadeiro feminismo reside na liberdade de escolha. As mulheres têm o direito de chegar onde desejam, sem que as normas sociais ou qualquer outra barreira a impeçam de alcançar os seus objectivos.

“O feminismo é dar a liberdade às pessoas”, afirmou Fazenda, destacando a importância de cada mulher ter espaço para fazer as suas próprias escolhas, desde que elas não interfiram nos direitos das outras pessoas.

Na obra, explicou, aborda a forma como a violência, seja física, psicológica ou social, ainda está presente no quotidiano feminino e como esta afecta a vida das mulheres em diversos contextos.

“Para mim, há três palavras-chave: igualdade, respeito e liberdade. Acredito que se nós as respeitássemos na plenitude, não estaríamos a discutir violência doméstica nem a discutir feminicídio, desigualdades sociais, crianças a viverem na rua, mulheres numa situação complicada, homens já também a sofrerem violência…”, comentou.

No entanto, os versos de “Na Lente Delas” são também de amor como uma fonte de resistência diante de situações consideradas intoleráveis.

É por essas e outras razões que Emílio Cossa, coordenador da editora Kulera, que chancela a publicação, disse ser a obra “um olhar profundo, sensível e corajoso sobre o mundo através da lente de uma jovem poeta que transforma sentimentos em arte.”

O livro sai no âmbito das comemorações do mês da mulher (Março) e conta com o apoio da Embaixada da Alemanha. Pode ser igualmente encarado como uma oportunidade para celebrar a literatura feminina, bem como para conhecer, explorar e ver o mundo sob as lentes das mulheres.

Fazenda é também professora e activista social. Em 2020, em resposta aos desafios pela pandemia da Covid-19 e pelo aumento da vulnerabilidade de mulheres e meninas com mobilidade comprometida, criou o “Movimento Meninas Revolucionárias Elate”, uma plataforma que criou espaços seguros “online” por meio de reuniões por SMS e zoom.

Como poetisa, ganhou prémios e representou Moçambique na África do Sul e na Etiópia (2022).

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