Quarta-feira, 26 Março, 2025
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Luanda abandona mediação do conflito na RDCongo

Por Jornal Notícias
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O PRESIDENTE angolano, João Lourenço, anunciou ontem o abandono da mediação do conflito entre a República Democrática de Congo (RD Congo) e o Ruanda, depois de fracassadas as negociações directas com o Movimento 23 de Março (M23), por factores “externos” ao processo africano.

A presidência angolana fez saber, através de um comunicado, que Angola se empenhou “com toda a seriedade, energia e recursos” desde que a União Africana (UA) incumbiu o chefe de Estado angolano a responsabilidade de mediar o conflito, apontando os progressos alcançados após sucessivas rondas de conversações.

Entre estes, destacou a promessa de neutralização dos guerrilheiros das Forças Democráticas de Libertação do Ruanda (FDLR), por parte da RD Congo, enquanto o Ruanda se comprometia a retirar as suas Forças de Defesa do território congolês.

“Sendo essas as principais reivindicações das partes, estavam assim criadas as condições para a cimeira de 15 de Dezembro passado, que teria lugar em Luanda, o que acabou por não acontecer, por ausência do Ruanda”, refere o comunicado, sublinhando que Angola sempre acreditou na necessidade de haver também negociações directas entre o Governo da RD Congo e o M23.

O comunicado salienta os esforços da diplomacia angolana nesse sentido, tendo obtido o consentimento das partes para que a primeira ronda de conversações tivesse lugar em Luanda, a 18 de Março, “acção abortada ‘in extremis’ por um conjunto de factores, entre eles alguns externos e estranhos ao processo africano que decorria”.

O grupo rebelde M23 decidiu cancelar a participação nas negociações, acusando instituições internacionais de sabotarem o diálogo com a RD Congo, após a União Europeia (UE) impor sanções a líderes do movimento e a uma refinaria em Kigali.

Nesse mesmo dia, sem dar conhecimento a Luanda, os presidentes da RD Congo e do Ruanda, Félix Tshisekedi e Paul Kagame,reuniram-se em Doha com o emir do Qatar, para discutir o conflito no leste congolês, que opõe as forças governamentais ao M23, que é apoiado pelo Ruanda – segundo as Nações Unidas (ONU) e países como os Estados Unidos, Alemanha e França.

A surpresa face ao sucedido foi manifestada pelo ministro das Relações Exteriores de Angola, Téte António, citado pelo jornal de Angola, que considerou que “todos os esforços para a resolução de conflitos são bem-vindos”, mas observou que os problemas africanos deveriam ter solução africana.

Num comunicado divulgado ontem, a presidência angolana reforça que são bem-vindas todas as acções da ONU, de outros organismos internacionais e países de boa vontade, que contribuam para a resolução dos diferentes conflitos em África, “desde que devidamente concertadas com os mediadores designados, o Conselho de Paz e Segurança e o presidente da Comissão da União Africana”.

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