Quarta-feira, 2 Abril, 2025
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Crianças de rua voltam a estudar

Por Jornal Notícias
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CRIANÇAS e adolescentes moradores de rua, com idades compreendidas entre 10 e 17 anos, voltaram a estudar no presente ano lectivo, nas escolas primárias Agostinho Neto, Heróis Moçambicanos e secundária da Ponta-Gêa, na cidade da Beira, no âmbito na campanha “Da rua à escola”, promovida pela Comunidade Sant’Egídio. 

O representante desta agremiação em Sofala, Nelson Moda, explicou que a iniciativa arrancou em Fevereiro e envolveu também a distribuição de diverso material escolar, como uniformes, mochilas, cadernos, lápis, esferográficas, entre outros artigos didácticos.

Para a retenção deste grupo de alunos, que frequenta da 3.ª a 10.ª classes nos estabelecimentos de ensino em referência, o responsável disse que a Sant’Egídio fará o acompanhamento pedagógico e deixará que os beneficiários usem as suas instalações para guardar o material escolar.   

“Esperamos, com estas iniciativas, incentivar os meninos de rua a frequentarem a escola e a participarem activamente nas actividades educacionais, como também contribuir para a redução do número de crianças não escolarizadas na cidade da Beira, garantindo um futuro promissor para elas”, disse Moda.

Por seu turno, a coordenadora da campanha “Da rua à escola”, Laura Domingos, afirmou que a iniciativa não ajuda apenas as crianças e adolescentes a regressarem à escola, como também despertou a consciência de pessoas de boa vontade a envolverem-se neste projecto.

“A Comunidade Sant’Egídio fez ainda uma corrente para obter os certificados e notas informativas de classes anteriores dos estudantes que eram moradores de rua. Juntou-se à iniciativa o Projecto Bravo, que ajudou com o registo civil das crianças e adolescentes indocumentados”, contou. 

Laura Domingos apelou às escolas e aos professores, em particular, a terem paciência com os petizes, pois estes não estão acostumados a ambientes regrados.

“Depois de muito tempo a trabalhar com crianças moradoras de rua, sei bem como elas comportam-se,muitas vezes o seu mau comportamento é uma barreira para o aprendizado, por isso, exorto os professores para que redobrem a sua atenção e paciência com estas crianças”, pediu.

Com semblante de satisfação, Manuel Sandaveira, de 15 anos, morador de rua desde 2017, revelou que sonhava em voltar a estudar e melhorar o seu futuro. “Estou muito feliz por ser uma das crianças beneficiadas. Voltar a estudar é um sonho que se tornou realidade e buscarei ao máximo não decepcionar as pessoas que me estão a ajudar”.

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