Domingo, 13 Abril, 2025
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FECALISMO A CÉU ABERTO: Prática secular que atenta contra a saúde 

Por Jornal Notícias
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HÁ um mal que teima em se enraizar entre os beirenses, sobretudo em dois pontos da cidade, nomeadamente os bairros da Praia Nova e Munhava Matope, afectando de forma directa cerca de oito mil moradores: o fecalismo a céu aberto.

Aquelas zonas residenciais são propensas a inundações, facto que somado a esta prática anti-higiénica secular entre os moradores coloca-os em perigo eminente. O mal, que até é combatido pelas autoridades sanitárias e municipais, segue incólume entre os seus praticantes que, curiosamente, são de todas as idades.

Este comportamento não apenas compromete a saúde dos moradores, mas também afecta o meio ambiente e a qualidade de vida naquelas comunidades. A falta de latrinas é um dos principais factores que leva os moradores a recorrerem às praias e outros lugares descampados para atenderem às suas necessidades biológicas.

Reconhecem que a prática, para além de todos os inconvenientes, é insustentável a longo prazo, pois começam a escassear espaços “livres” para a prática, quer pelo crescimento demográfico, quer pelo facto de a água estar gradualmente reclamando pela terra.

Cláudia Vasco, residente da Praia Nova, caracteriza a situação como crítica, indicando que ciclicamente há ocorrência de doenças diarreicas naquela comunidade devido à falta de saneamento adequado.

“Recorremos à praia porque não temos latrinas públicas. O ambiente está poluído. Há mesmo mau cheiro em quase todo o lado. As moscas pousam nas nossas refeições e as crianças, na sua inocência, acabam sendo as principais vítimas de doenças, pois estão quase sempre com dores de  estômago e diarreias”, lamentou.

Acrescentou que a maior parte dos moradores não tem consciência dos perigos da prática do fecalismo a céu aberto. Pediu igualmente que as autoridades intervenham na construção de  latrinas melhoradas naquela comunidade.

Carlos Armando, outro morador da Praia Nova, expressou sua frustração com a inércia das autoridades municipais em resolver um problema que já é antigo. “Parece que a vontade política de resolver os problemas das pessoas é inexistente. Queremos acções concretas e não discursos vazios. Vejam como está a cidade”, desabafou.

Apesar das contínuas reclamações da população, Carlos Armando acrescenta que as soluções prometidas parecem não sair do papel, deixando muitos sem esperança de melhorias.
Além do problema do fecalismo os moradores da Praia Nova também enfrentam desafios relacionados com a erosão costeira. A construção de um muro de protecção ao longo da praia seria uma mais-valia para aquela comunidade.

Durante períodos de mar alto as águas inundam o bairro inteiro. As fezes acumuladas na praia são empurradas para as casas, misturam-se com águas paradas, agravando ainda mais os riscos de doença.

Belita Domingos lamenta a situação e reitera que um muro de protecção e construção de latrinas melhoradas seriam soluções definitivas para os problemas que dia após dia aumentam.

“Este ano fiquei internada no hospital com o meu filho por causa de diarreia. Ficou mesmo muito mal que não conseguia comer. Só vomitava. Aqui quando o mar sobe não invade apenas as nossas casas mas traz doenças, devido à contaminação das águas. Morar aqui está a ficar insuportável”, diz. 

A fonte acrescentou que a insegurança gerada pelas inundações tornou-se uma fonte constante de “stress” para os moradores, que se sentem abandonados pelas autoridades.

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