Sábado, 12 Abril, 2025
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Tarifas impostas pelos EUA: cooperação de benefícios comuns é o caminho correcto

Por Jornal Notícias
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Wang Hejun*

Recentemente, os Estados Unidos de América “empunharam o bastão das tarifas” e anunciaram a imposição das tarifas elevadas a todos os seus parceiros comerciais, ignorando o facto de terem lucrado muito através do comércio internacional a longo prazo. Os EUA sobrepõem os seus interesses próprios aos da comunidade internacional e lançaram um jogo de soma zero sob o pretexto da “reciprocidade” e da “equidade”. Isso é o unilateralismo, o proteccionismo e a intimidação económica típicos. A substância deste acto é politizar as questões económicas e comerciais, o que provocou a forte insatisfação e a oposição resoluta pela comunidade internacional.

Para a comunidade internacional, o abuso das tarifas pelos EUA navega contra a corrente e é certamente impopular. O abuso das tarifas significa privar os países, nomeadamente o Sul Global, do seu direito ao desenvolvimento. Os dados da Organização Mundial de Comércio (OMC) mostram que, num contexto de desenvolvimento económico desequilibrado e de força económica desigual, a arrecadação das tarifas pelos EUA aumentará ainda mais a disparidade entre países ricos e pobres, e os menos desenvolvidos sofrerão um maior impacto. A OMC e o Fundo Monetário Internacional alertaram que o abuso das tarifas pelos EUA trará um risco gigantesco para as perspectivas mundiais. O senhor Stéphane Dujarric, porta-voz do Secretário-Geral das Nações Unidas, afirmou que a guerra comercial não tem vencedores e que, ao mesmo tempo, terá um impacto negativo nos objectivos de desenvolvimento sustentável estabelecidos pelas Nações Unidas.

Para os EUA, o abuso das tarifas prejudicará os interesses próprios e alheios. Após a assinatura da ordem executiva de imposição de tarifas, o mercado de acções americano sofreu uma queda abrupta. No dia 3 de Abril, o índice Dow Jones Industrial Average, o índice S&P 500 e o índice Nasdaq Composite caíram 3,98%, 4,84% e 5,97%, respectivamente, o que representa a maior queda num só dia dos últimos anos. A Tax Foundation dos EUA prevê que o imposto médio de importação dos EUA vai subir de 2,5% no ano passado para 19% no ano corrente, atingindo o valor mais elevado desde 1933. A despesa média do consumo anual das famílias dos EUA aumentará em 2100 dólares americanos. Os peritos americanos consideram que esta é a “política auto-prejudicial” mais errada dos EUA, que aumentará a inflação, cujo custo acabará por ser suportado pelos consumidores americanos. Além disso, 69% dos empresários americanos acreditam que a economia dos EUA entrará em recessão.

Para a China, o abuso das tarifas pelos EUA não atravanca o bom ímpeto do desenvolvimento económico da China e a sua firme determinação para a abertura ao exterior. Desde 2018, os EUA impuseram sete rodadas de tarifas para as commodities chinesas e, desta vez, a arrecadação das tarifas com o nível de 104% para os produtos de exportação da China para os EUA representou mais uma vez a chantagem dos EUA, o que a China não aceita de nenhuma maneira e adoptou contra-medidas na primeira hora. Os chineses não são instigadores dos conflitos, nem têm medo de os enfrentar. A China vai continuar a tomar medidas resolutas e efectivas para salvaguardar os seus direitos e interesses legítimos. Sendo a segunda maior economia do mundo e o segundo maior mercado consumidor de produtos, a porta da China vai se abrir ainda mais ao exterior, independentemente das mudanças internacionais. Acreditamos firmemente que não há vencedores nas guerras tarifárias e comerciais e que não há saída para o proteccionismo. A China está disposta a trabalhar com todos os países, incluindo Moçambique, para aderir ao multilateralismo verdadeiro, opor-se ao unilateralismo e ao proteccionismo, salvaguardar o sistema de comércio multilateral com a OMC no seu núcleo, e promover a globalização económica numa direcção mais aberta, inclusiva, universal e equilibrada.

A China observou que os EUA tinham anunciado arrecadar as tarifas gerais com o valor de 16% para os produtos de Moçambique, o que deverá ter um impacto no desenvolvimento sócio-económico moçambicano. Ao mesmo tempo, a China está a implementar positivamente os frutos da Cimeira de Beijing do Fórum de Cooperação China-África e a acelerar a implementação das medidas preferenciais, tal como o tratamento de taxas alfandegárias zero para 100 por cento dos produtos. Este contraste frisante mostrou bem aos amigos africanos quem tem razão e quem está errado. Gostaria de reiterar que a China e Moçambique são parceiros de cooperação estratégica global com profunda amizade tradicional e apoio mútuo de longo prazo. O ano corrente marca o 50.º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas China-Moçambique, e a China está disposta a reforçar o alinhamento estratégico com o lado moçambicano, enfrentar em conjunto vários riscos e desafios, promover a implementação em Moçambique as Seis Iniciativas e Dez Acções de Parceria para promover em conjunto a modernização China-África, de modo a aprofundar a cooperação pragmática em vários domínios e beneficiar continuamente o bem-estar dos povos dos dois países.

*Embaixador da China em Moçambique

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