Segunda-feira, 25 Novembro, 2024
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Belas Memórias: Uma série de azar e pesadelos na TAAG

Por admin-sn
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ANABELA MASSINGUE(anmassingue@gmail.com)

O SLOGAN “sinta-se voando sem descolar” é geralmente usado por proprietários de veículos automóveis para realçar o conforto que elas apresentam ou forma de os distinguir dos demais.

Regra geral, a descrição serve para transmitir aos utentes, sobretudo dos meios de transporte privados de longo curso, que mesmo em terra ficarão com a sensação de conforto similar a de quem tenha viajado num meio aéreo.

Em Maputo, aconteceu recentemente algo inusitado. Passageiros abordo de um avião, mais do que ninguém preparados para descolar, terminaram em terra.

Quero acreditar que muitos deles que naquela noite de sábado, 9 de Dezembro, embarcariam no voo das Linhas Aéreas de Angola (TAAG) com destino à Luanda, não tinham antes vivido  algo similar.

Quinze e trinta era a hora marcada para a partida do voo e, pelas normas, os passageiros deviam se fazer ao aeroporto com duas horas de antecedência, no caso concreto às 13.30 horas.

Por razões não explicadas, os passageiros receberam a informação do atraso do voo e sua reprogramação para às 21 horas. Porque todos os procedimentos já haviam sido feitos, não restava mais nada senão a paciência de esperar até à hora prometida.

Quando passava das 21 horas, o avião  fez-se à pista de Mavalane. De seguida houve ordens para o embarque dos passageiros que até receberam os votos de praxe de  boa viagem, endereçadas pelas funcionárias da empresa Aeroportos de Moçambique.

 Era garantido que o momento tão esperado havia chegado e muitos sentiram-se aliviados do desconforto causado pela demora. Já a iniciar o momento de relaxamento, alguns trataram imediatamente de apertar os cintos e obedecerem o que o organismo comandava, uma vez que a hora de dormir já há muito tinha chegado.

Por via dos telefones, alguns iam ligando aos familiares e amigos informando sobre a partida que estava prestes. Por incrível que pareça e contra tudo e todos, vinha um anúncio de pedido de desculpas por parte da tripulação que, ao mesmo tempo, convidava os estimados passageiros a  abandonarem a aeronave, devido ao mau tempo que se fazia sentir em Maputo naquele momento.

Deste modo, indivíduos que permaneceram 10 horas de espera num aeroporto deviam regressar dia seguinte para retomar a viagem reprogramada para às 10 horas.

Incrédulos, abandonaram a aeronave com destino à sala de embarque, onde por mais de uma hora houve negociações e recolha das malas que, esporadicamente, eram devolvidas pelo tapete rolante.

Posteriormente, uma funcionária da empresa Aeroportos de Moçambique anunciava que os passageiros deviam se deslocar aos escritórios da TAAG para receberem mais detalhes sobre a situação.

Lá foi decidido, depois de um ambiente turvo, que parte dos passageiros devia regressar à casa e outros seriam acomodados num dos hotéis localizados nas imediações do Aeroporto. Porque nem todos tinham como regressar à casa àquela hora e ou porque não eram residentes, a maioria teve sim que ser acomodada às expensas da TAAG.

Porque o mal nunca vem só, nem às 10 horas do dia seguinte foi possível iniciar a viagem como havia sido agendado, pois a descolagem só viria a acontecer perto das 11 horas, antecedida por outras negociações com passageiros que na capital angolana pretendiam fazer conexão para a cidade brasileira de São Paulo, prejudicados pelo atraso da TAAG.

Chegada à capital angolana, os passageiros com destino à Lisboa tiveram que  se sujeitar a mais nove horas de espera  para o voo de conexão, marcado para às 23.50 horas que veio a acontecer muito acima da hora indicada. Novamente evocou-se o mau tempo que lá se fez sentir a meio da noite, caracterizado por chuva torrencial, acompanhada de trovoada e relâmpagos.

Foi neste ambiente que os autocarros transportaram os passageiros a nado e no mesmo contexto que o avião levantou o voo com destino à Lisboa, numa altura em que alguns dos ocupantes já tinham agendas comprometidas por terem perdido tempo no ensaio de um voo sem descolagem!

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