Domingo, 22 Dezembro, 2024
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EDITORIAL

Por admin-sn
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A RECENTE participação de Moçambique, como observador, na 7.a Cimeira do Fórum dos Países Exportadores do Gás (GEFC), em Argel, demonstra a perspicácia da diplomacia moçambicana no aproveitamento dos palcos multilaterais para a defesa do interesse nacional.

É que, num contexto de crescentes pressões para a adopção de medidas mais robustas no âmbito da descarbonização e utilização de fontes de energia limpas e amigas do ambiente, o país não se deve coibir de procurar parcerias que defendam o direito soberano de usar o seu gás natural em benefício da população.

Na verdade, o GEFC é uma plataforma acertada para esse fim porque, em última análise, defende os interesses comuns dos membros, aliás, uma forma encontrada para garantir a estabilidade e segurança na procura e oferta nos mercados globais do gás.

Moçambique continua entre os mais prejudicados no processo de transição energética, contribuindo com menos de 0.5% de emissões de gases de efeito estufa.

O Governo elegeu o gás natural como energia de transição, mesmo possuindo uma matriz energética limpa, que esclarece que 70% da electricidade produzida provém de fontes hídricas, 14% de gás natural e 16% de outras fontes, como o sol.

No entanto, o país necessita do gás natural para gerar electricidade, combustível para o transporte e produção de fertilizantes químicos utilizados na agricultura, uma actividade de renda e sustento para a maior parte da população moçambicana.

De igual modo, precisa do gás para a indústria e, obviamente, para incrementar as suas exportações. Trata-se, portanto, de um recurso que se espera venha a ser o grande impulsionador do crescimento económico.

Por isso, a participação de Moçambique neste fórum, no caso através de uma delegação chefiada pelo Presidente da República, é de extrema importância para o futuro do país como um dos provedores de gás.

Dizemos isto porque o GEFC integra países como Qatar, Trindade & Tobago, Argélia, Egipto, Nigéria, Irão, Venezuela, Rússia, Líbia, Bolívia, Guiné Equatorial, Angola, Azerbaijão, Iraque, Malásia, Mauritânia e Peru, que representam 70% das reservas comprovadas de gás natural, 44% de produção comercializada, 52% de gasoduto e 51% das exportações do gás natural liquefeito em todo o mundo. Estes Estados são, portanto, os mais indicados para a defesa deste recurso energético.

Vale a pena enaltecer o pragmatismo da diplomacia moçambicana na 7.a Cimeira Fórum do GEFC, ao ter sabido consciencializar aos pares sobre a pertinência de se colocar na agenda de discussões a instabilidade provocada por guerras na Europa, Médio Oriente e os ataques terroristas que provocam a deslocação de milhares de cidadãos indefesos, particularmente na província de Cabo Delgado.

Tais conflitos, por afectarem o mercado do gás, merecem, igualmente, acção concertada de todos os membros, na defesa dos interesses comuns.

É por estas e outras razões que vemos com bons olhos o facto de Moçambique ter se apercebido que o GEFC é uma janela de oportunidades para a defesa do seu interesse nacional, sobretudo num contexto em que se perspectiva que o gás venha a ser catalisador do crescimento económico.

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