Sábado, 23 Novembro, 2024
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REFLEXÕES da MUVALINDA: Aprenda a separar o desejo da necessidade

Por admin-sn
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Cândida Muvale

O TÍTULO de hoje é um verso da música “Revolução Já”, do rapper mano Azagaia, falecido a 9 de Março de 2023. No passado dia 9 de Março de 2024 celebramos um ano do seu desaparecimento físico e os admiradores designaram este dia como o Dia do Hip-hop Moçambicano.

Eu sou fã do mano Azagaia, admiro tanto a sua pujança, olhar crítico, musicalidade, criatividade e coragem, mesmo após a sua morte, essas são características dele que eu nunca me esquecerei e terei como fonte de inspiração.

Mesmo sendo considerado um dos melhores rappers da lusofonia, tinha uma humildade e acessibilidade só dele. Tive a bênção de estar com ele algumas vezes, conversar, dizer o quão o admirava e tirar algumas fotos que tenho de recordação.

Bem, não é necessariamente sobre o mano Azagaia e a minha admiração por ele que pretendo falar aqui hoje, mas, sim, pegar emprestado este verso por ele repado: “aprenda a separar o desejo da necessidade”, para advertir a todos sobre a importância de separar esses dois termos que são muito distintos, mas na prática muitos não os conseguem distinguir.

Recorri ao site https://www.significados.com.br, para ver o significado de desejo e necessidade. Lá vem patente que desejo é a vontade de ter ou obter algo e necessidade é aquilo que é estritamente necessário, ou seja, que é indispensável, que é útil, que não se pode deixar de ter ou ser.

Vamos dar um simples exemplo para melhor percepção. Uma necessidade é beber água potável quando estou com sede, desejo seria vontade de beber água com gás ou aromatizada ou de marca X, Y e Z para matar a sede.

Nos tempos actuais, com a ascensão das redes sociais, é comum as pessoas se compararem umas das outras, serem bombardeadas por muita publicidade e marketing de diversos serviços e produtos muitos dos quais fúteis e poucos de extrema necessidade.

Mas como os gestores de marketing e as indústrias investem muito tempo e dinheiro para criar a melhor publicidade, até se associam a famosos e influencers digitais para dar mais engajamento e melhor persuadirem o público-alvo a pagar consciente e inconscientemente pelos seus produtos e serviços.

As indústrias querem vender e lucrar ao máximo que podem e muitas vezes não partilham os efeitos maléficos dos seus produtos e serviços, apenas as vantagens e fazem de tudo para despertar no público o desejo de adquiri-los, como também erradamente pensarem que aquilo é de extrema necessidade.

Estamos num mundo capitalista e essa realidade está longe de mudar pois, cada dia, se descobre formas de melhor persuadir as pessoas a comprarem o que não necessitam e pouco se faz para alertá-las sobre as armadilhas, de modo a policiarem-se mais e pararem de querer satisfazer apenas os seus desejos mesmo que não sejam de necessidade.

Não é a toa que em certos países cresce o número de pessoas diagnosticadas com oniomania, vulgarmente conhecida por Compras Compulsivas ou compulsão por compras, que é uma perturbação psiquiátrica crónica e prevalente que se caracteriza por um comportamento crónico e repetitivo de comprar muitas vezes coisas fúteis e desnecessárias.

Este comportamento é difícil de ser interrompido e tem consequências prejudiciais na vida das pessoas que sofrem do mesmo.

Estamos numa selva e devemos usar os poucos recursos que dispomos para sobreviver como se fôssemos homens primitivos. Precisamos de nos policiar mais, isto é,  sermos mais críticos e vigilantes perante todas as publicidades e pressões sociais para comprar determinados produtos e serviços.

Precisamos de conhecer a nossa realidade financeira, saber dizer não às pressões, independentemente das circunstâncias e nos adaptarmos ao nosso orçamento.

E tal como o Apóstolo Paulo escreveu em Filipenses 4:11-12: “Não estou a dizer isso porque esteja necessitado, pois aprendi a adaptar-me a toda e qualquer circunstância. Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter em abundância. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade.” Este versículo destaca a importância de encontrar contentamento em todas as circunstâncias, independentemente das necessidades ou desejos materiais.

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